Um dos personagens da final da Copa São Paulo foi Guilherme Henrique Lima Santos. Assim, talvez você não o reconheça, porque ele é chamado de Gazão. O apelido da infância, que foi trazido do interior do Paraná à capital gaúcha, é mais um fato peculiar na carreira do garoto, que também teve um bom rendimento na competição. Na grande decisão, no entanto, uma cena inusitada protagonizada por ele chamou mais atenção: o volante tentou impedir a expulsão do companheiro Alison Calegari em duas oportunidades. A primeira, ao solicitar que ele saísse do alambrado na comemoração do gol. A segunda, tentando assumir a culpa pelo ato com a arbitragem. Não adiantou.
— Como eu sabia que ele já tinha o cartão amarelo, a gente sabe, pela regra, que não pode subir. Procurei tirá-lo, sabia que ele poderia tomar o segundo amarelo. Quando eu vi o juiz vindo na direção dele, eu tentei enganar o árbitro, sabia que iria expulsá-lo. Ele falou que não tinha sido eu — relata o atleta.
O meio-campista está em Porto Alegre desde os 11 anos. Ele define o Tricolor como o seu primeiro clube. Natural de Apucarana, no norte do Paraná, vivenciou quase todas as categorias de base da equipe. Mesmo tendo sido repassado por empréstimo ao Juventude, segundo ele para amadurecimento, garante nutrir um carinho pelo Grêmio.
— Eu não era gremista. Mas quando fui ao Olímpico e à Arena, me apaixonei — declara Gazão.
Essa identificação criada para o jogador só aumentou pela campanha no torneio mais importante para jovens no país. Apesar do vice-campeonato, ele orgulha-se dos resultados obtidos em São Paulo.
— Foi uma campanha histórica. A comissão técnica nos elogiou bastante. Foi uma campanha incrível. Eu, mesmo, não acreditava que a gente poderia chegar tão longe. No meio da competição, a gente ganhou corpo e chegou — relembra.
Perder um Gre-Nal nunca é algo positivo, ainda mais com uma taça em disputa. De acordo com Gazão, o duelo teve um futebol diferenciado e foi bem disputado pelas equipes.
— Foi um Gre-Nal histórico. É um motivo para o pessoal do Rio Grande do Sul se orgulhar muito. Foi um jogo bem jogado, todo mundo tem elogiado. Fico feliz por ter participado — apontou.
De olho em Arthur e Xavi
A principal inspiração para o atleta, que um dia após o último Natal chegou à maioridade, é outro ex-volante gremista: Arthur. Xavi também é um espelho para o jogo que Gazão tenta repetir dentro das quatro linhas.
Se eles me derem a oportunidade de subir, vou procurar dar o meu melhor para ficar
GAZÃO
Sobre possível chance no profissional do Grêmio
— Eu já treinei com o Arthur. Fiz coletivos contra ele. Não cheguei a falar muito com ele. Acho que ele até imagina. Faltou coragem de comentar isso — brincou.
O apelido foi dado, ainda na infância, pelo irmão — nem o próprio Gazão sabe o motivo exato. O responsável por trazer a brincadeira à capital gaúcha é o também apucaranense Guilherme Azevedo, atacante da base tricolor. Ele garante não ter problemas com a alcunha:
— Não fico bravo. Quase ninguém sabe que o meu nome é Gabriel — definiu.
O futuro de Gazão está encaminhado. O vínculo atual vai até o final desta temporada, mas há conversas adiantadas pela renovação até o final de 2022. O contrato deve ser estendido no retorno das férias, depois de 26 de fevereiro. Um aproveitamento no time principal é o grande sonho de momento do jovem.
— Se eles me derem a oportunidade de subir, vou procurar dar o meu melhor para conseguir ficar — finalizou.