Pelas mãos de Renato Portaluppi, Leonardo Gomes superou a desconfiança da torcida e tornou-se o lateral-direito número 1 no Grêmio. Aos 22 anos, o tocantinense de Araguaína iniciou a temporada como terceira opção para o setor. No entanto, venceu a concorrência de Madson e de Léo Moura, se firmando como titular com atuações seguras e até marcando gol, como ocorreu contra o River Plate.
Talvez ainda não seja o bastante para fazer com que os torcedores esqueçam Edilson, o lateral do tri da América, que foi liberado ao Cruzeiro em janeiro, após receber uma gorda proposta salarial, em troca de Alisson e Thonny Anderson. Mas o desempenho de Gomes, sobretudo neste final de temporada, faz com que a direção não tenha pressa de ir ao mercado buscar novos nomes para esta posição.
— No começo do ano, achava que não teria tantas chances. Eu sabia que era o terceiro lateral. Não esperava que pudesse ser tão bom como está sendo. Nunca deixei de trabalhar e agora estou colhendo os frutos — contou Gomes em entrevista à Rádio Gaúcha.
No Grêmio desde o início do ano passado, quando foi contratado após se destacar pelo Boa-MG na conquista da Série C em 2016, o lateral-direito soube esperar sua vez. Passou por um processo de correção de fundamentos e de aprimoramento de sua consciência tática nos treinos com Renato. O treinador, por sua vez, também injetou confiança em Gomes. Sua evolução é saudada por Julinho Camargo, técnico que comandou Leonardo no time mineiro antes de sua chegada a Porto Alegre.
— É um jogador que teve origem como volante e já atuou como meia. Sempre foi um atleta dedicado, concentrado e com facilidade na aprendizagem. Quando foi para o Grêmio, principalmente com a figura do Renato, teve esta maturação final. Um lateral que preenche os espaços, tem bom cabeceio e grande capacidade de marcação. Como é jovem, ainda tem muito a crescer — avalia Camargo.
O tempo para adaptação ao Grêmio, na visão de Patrício, ex-lateral vice-campeão da América pelo clube em 2007, foi importante para que Gomes pudesse se firmar como titular. Hoje auxiliar técnico no Novo Hamburgo, ele entende que a evolução nas ações ofensivas fez com que o jogador ganhasse mais visibilidade junto aos torcedores.
— Tudo precisa de um tempo, não é fácil chegar e fazer um bom trabalho de cara, ainda que a equipe seja bem montada. A confiança que o Renato passou foi importante. Era a vez do Leonardo, ele tinha de se soltar no ataque. É onde o lateral mais aparece, quando pega a bola e vai para a frente. Ali, ele pode fazer algo de diferente, como um cruzamento ou pifar alguém. Contra o River, teve a felicidade de fazer um gol de fora da área. Ele tem força e qualidade, é só acreditar no potencial dele — observa Patrício.
Outro fator importante para a evolução de Gomes, na avaliação do ex-lateral, foi a convivência com Léo Moura. Com a indefinição sobre a permanência do veterano de 40 anos para a próxima temporada, já que ele pode voltar ao Flamengo para encerrar sua carreira, cresce ainda mais a importância do jovem de 22 anos no grupo.
— O atleta jovem normalmente fica inibido quando chega a um time grande. Mas ter ao lado o Léo Moura, um cara experiente, que sabe jogar, é algo que ajuda. O Gomes vai pegar a maturidade com o tempo, já está pegando. Tem de procurar sempre se aperfeiçoar cada vez mais — recomenda Patrício.
O mesmo conselho é reforçado por Paulo Roberto, o Coelhinho, campeão da América e do Mundo pelo Grêmio em 1983. Ao elogiar o potencial de Gomes, o ex-lateral, que hoje atua como empresário, também cita a parte psicológica como um ponto de atenção ao atleta.
— O Leonardo é veloz e chega com facilidade à frente. Como todo jogador da posição, tem de treinar e aperfeiçoar cruzamentos para dar assistências com qualidade. Mas precisa cuidar com o emocional. Ele tem de se acostumar com a pressão e a cobrança em um clube grande como o Grêmio. Quando teve sequência, ele mostrou seu valor. Tem tudo para manter a fase boa — comenta Paulo Roberto.