Sem poder contar com seus dois principais homens de área, Renato Portaluppi inovou ao colocar em campo, contra o Atlético Tucumán, um Grêmio no 4-1-4-1 sem a presença de centroavante. O esquema não apenas deu certo como apresentou ao comandante uma boa alternativa a longo prazo para o restante da temporada.
A previsão de retorno de Jael e André é para a metade do mês de outubro. Segundo o departamento médico tricolor, os atacantes devem voltar a treinar com bola no início do mês que vem. Até lá, o treinador terá que improvisar. Segundo Gustavo Fogaça, analista de desempenho, ao optar por Alisson como titular, Renato ganha um parceiro para Everton. Porém, prejudica a produtividade de Luan.
— Um time, para ser competitivo, precisa ter recursos táticos para se adaptar ao contexto do adversário e encontrar saídas para se sobrepor. No 4-1-4-1, Maicon ficou comprometido como "pivote", pois o desgastou fisicamente e o afastou da associação no campo de ataque, onde é imprescindível para o jogo de Luan e Everton. Cícero não tem porte para essa função. Muito menos Ramiro. Por isso, os três terminaram se aproximando mais e formando uma linha de três, que permitiu mais liberdade para a velocidade de Everton e Alisson. Porém, Luan ficou prejudicado com a falta de associados para seu jogo de toques curtos — avaliou.
Ao analisar o posicionamento gremista na Argentina, na última terça-feira, foi possível perceber que a equipe variou em três esquemas diferentes — atacando em um 4-3-3.
— Olhando o posicionamento médio do Grêmio na partida, vemos que, na realidade, o time jogou no 4-3-3, com Cícero, Maicon e Ramiro praticamente alinhados na linha central. Everton foi quem deu mais profundidade ao time. Mas é verdade que em vários momentos o time alternou entre o 4-1-4-1 e o seu tradicional 4-2-3-1 — declarou Gustavo Fogaça.
O modelo com três atacantes adotado por Renato chamou atenção da comissão técnica da Seleção Brasileira. Em entrevista ao GaúchaZH, o auxiliar de Tite, Cléber Xavier, viu semelhanças com um esquema bem-sucedido no futebol inglês.
— Ao usar um esquema com três jogadores por dentro (Maicon, Cícero e Ramiro) e três na frente (Alisson, Luan e Everton), o Grêmio adotou um modelo muito parecido com o de Jürgen Klopp no Liverpool — disse o auxiliar, que completou. — A diferença é que, no Liverpool, Firmino é um pivô que entra mais na área. No Grêmio, Luan não entra com tanta frequência. Renato buscou uma nova alternativa, foi bem em um jogo difícil e deve repetir em outras oportunidades.
Sobre a possibilidade de dar uma sequência para o modelo na temporada, Gustavo Fogaça completa:
— Pode dar certo no futuro? Claro que sim. Mas, ao mesmo tempo, não é o modelo de jogo que consagrou o Grêmio de Renato. O importante é se adaptar ao contexto e encontrar seus recursos para impor seu futebol — finalizou.