Desde a vitória por 2 a 0 contra o Tucumán-ARG, na terça-feira (18), boa parte da torcida do Grêmio passou a reivindicar uma vaga permanente no time para Alisson. A fórmula do ataque sem centroavante fixo, mas, nem por isso, menos efetivo, ganha força a partir da parceria do ex-cruzeirense com Everton, os autores dos gols no Monumental José Fierro. Como ainda restam pouco menos de duas semanas para o jogo de volta contra os argentinos e Jael e André ainda não têm data confirmada para retorno, Renato poderá insistir na dupla contra Ceará e Fluminense, pelo Brasileirão.
Mesmo que a figura do centroavante tradicional esteja no DNA do Grêmio, há treinadores que, em casos excepcionais, montam ataques sem uma referência na área adversária. Em 1996, ao vender Jardel para o Porto-POR, depois do Gauchão, Felipão viu em Paulo Nunes e Zé Alcino a solução para o ataque do seu time. A fórmula deu tão certo que Paulo Nunes terminou o ano como goleador do Brasileirão, tendo marcado 16 vezes. Zé Alcino fez 13 na temporada, quatro deles no Brasileirão.
— Mas há diferenças na comparação com este ano — aponta o ex-presidente Luiz Carlos Silveira Martins, o Cacalo, na época vice de futebol na gestão de Fábio Koff. — Contra o Tucumán, Alisson e Everton foram pontas abertos, que escapavam em velocidade e eventualmente entravam pelo meio. Com Zé Alcino e Paulo Nunes, sempre havia alguém no meio da área.
Segundo Cacalo, Felipão, naquela época, não teve outro recurso, já que não havia no grupo outro jogador tão capacitado quanto Jardel. Zé Afonso, Saulo e Rodrigo Gral eram os demais atacantes em 1996.
— Zé Alcino era um excelente jogador. Fiquei contando os dias para que o Inter não renovasse com ele e eu pudesse contratá-lo — diz o ex-dirigente.
O Grêmio também apostou em atacantes de movimentação em boa parte de 2002. Na Libertadores daquele ano, por exemplo, na ausência de Luizão e Grafite, era a Rodrigo Mendes, Luís Mário e Fábio Baiano que Tite recorria para fazer revezamentos dos lados do campo para o meio do ataque. Rodrigo Mendes marcou 10 vezes e terminou a competição como goleador.
A preocupação com uma eventual lesão é o único fator que poderá levar Renato Portaluppi a preservar Alisson na partida de domingo, contra o Ceará. Desde a volta ao time, após um períodos de afastamento de 80 dias por lesão muscular na coxa esquerda sofrida contra o Monagas-VEN, em Maturín, na primeira fase da Libertadores, ele tem sido um dos jogadores mais utilizados. Foi decisivo contra o Estudiantes-ARG, ao marcar de cabeça o gol que levou à decisão por pênaltis e também deixou sua marca frente nos 4 a 0 contra o Botafogo, o jogo seguinte. Frente ao Paraná, sofreu o pênalti que originou o gol de Douglas e fez passe para Juninho Capixaba marcar o segundo.
— Ele teve uma atuação impecável (contra o Tucumán). Só saiu porque vem jogando praticamente todas as partidas do Brasileirão e Libertadores. Está tendo um desgaste muito grande. E não podemos perder um jogador nesta fase por lesão — diz o treinador.
O elogio maior viria na sequência. E evidencia a importância de Alisson no atual momento da equipe.
— Hoje estamos aqui (em Tucumán) graças ao Alisson — disse o técnico, ao recordar o gol salvador frente ao Estudiantes.
Everton em 2018
39 jogos
16 gols
5 assistências
Alisson em 2018
40 jogos
8 gols
4 assistências