Convocados para defender Brasil e Argentina em amistosos que as duas seleções irão disputar em setembro, Kannemann e Everton recebem a justa valorização por uma temporada de excelência com a camisa do Grêmio. No momento em que a eliminação da equipe na Copa do Brasil faz balançar convicções em relação a algumas das peças do time, o zagueiro e o atacante se afirmam como unanimidade junto aos torcedores.
O chamado de Tite e Lionel Scaloni, treinador interino da Argentina, coincide com as negociações que os dois entabulam com a direção para a renovação de contrato. O Grêmio mantém-se otimista quanto a um acerto, mesmo que os dois jogadores tenham subido de patamar e entrado de vez na rota dos clubes europeus.
Everton nem precisou reprisar boas atuações anteriores para ser convocado. Ao acomodar-se em um dos camarotes do Maracanã, quarta-feira, para assistir a Grêmio e Flamengo, Tite já tinha opinião formada sobre o cearense de Maracanaú, de 22 anos.
O atacante ganhou sua primeira sequência de jogos ainda em 2016, com Roger Machado, só interrompida por uma lesão, e consolidou-se de vez com Renato Portaluppi ao marcar o gol da vitória contra o mexicano Pachuca, que colocou o Grêmio no caminho do Real Madrid, na decisão do Mundial de Clubes do ano passado. Autor de 12 gols na temporada, Everton desbancou Luan como o atacante mais decisivo do Grêmio.
— Em um primeiro momento, a ficha demora a cair. A gente fica muito feliz. Espero corresponder da melhor maneira possível. Os companheiros também têm muito crédito. Eles nos ajudam no dia-a-dia. Isso (convocação) também passa por eles — festejou o jogador, que ouviu seu nome ser anunciado por Tite enquanto aguardava no vestiário das Laranjeiras, sede do Fluminense, o início do treinamento do Grêmio na sexta-feira e foi homenageado pelos demais jogadores, que gritaram em coro o seu nome.
A convocação de Kannemann, 27 anos, chega com um certo atraso. A fragilidade da defesa argentina durante a Copa da Rússia já provocava reclamações entre os portenhos, que reivindicavam o mesmo zagueiro vigoroso admirado desde 2016 pela torcida do Grêmio.
É possível que a lembrança aguce ainda mais a cobiça do Cagliari, da Itália. Depois de a direção do Grêmio ter rejeitado as duas primeiras ofertas, uma nova investida é preparada até o dia 25, quando se encerra o período de contratações no país.
— Quase certo que fico no Grêmio. Estou muito feliz aqui. Só tenho a cabeça aqui — disse o defensor, de forma um pouco dúbia, depois da derrota para o Flamengo, que provocou a eliminação na Copa do Brasil.
Ele só foi mais enfático quando negou uma informação publicada pelo site italiano Calciomercatto, segundo o qual teria pedido à direção do Grêmio para liberá-lo, mediante uma oferta que duplicaria seu atual salário.
— Não estou forçando nada. Sei do interesse, mas estou focado no Grêmio. Sou feliz aqui. Lá na frente, se vier alguma coisa boa para o clube e para mim. Como todo o jogador, tenho o sonho de jogar na Europa — completou.
Em vez de festejar a lembrança do nome dos dois jogadores por Tite e Lionel Scaloni, os gremistas se angustiam por não ver Everton e Kannemann com a camisa do clube contra o Santos, em 5 de setembro, e, acima de tudo, no Gre-Nal do dia 9 do mesmo mês. A direção fica no meio do caminho entre festejar a convocação e preocupar-se com o futuro imediato do time dentro de campo.
— Sempre encaro convocação como algo positivo. É claro que os dois farão falta ao time, mas são apenas dois jogos e temos grupo. Não tenho nenhuma dúvida de que contamos com substitutos à altura — analisa o vice de futebol Duda Kroeff.
As tratativas com os dois jogadores para a renovação de contrato também não sofrem qualquer mudança de rota. Kroeff informa que as novas bases salariais já estão acertadas com os dois jogadores e prevê a assinatura para a próxima semana, depois da chegada de São Paulo.
— O que pode mudar é para a próxima janela. Aí, não se pode descartar uma oferta tipo aquela do Barcelona pelo Arthur — projeta o dirigente.
O otimismo de Duda é o mesmo de Gilmar Veloz, empresário de Everton. Ele só vai esperar o retorno de Romildo Bolzan Júnior do Paraguai, onde representará o Grêmio segunda-feira (20) em reunião das subcomissões de clubes sul-americanos, organizada pela Conmebol, para formalizar o novo contrato.
— Não temos nenhum problema. Estamos alinhados com a direção e em nossa cabeça não passa nada além de continuar no Grêmio. A convocação não muda nada. Everton só passa a ter uma responsabilidade a mais por ser um jogador convocável. Ele soube esperar sua hora — comenta o empresário.
Neste sábado, contra o Corinthians, já com a primeira convocação no currículo, Kannemann e Everton tentarão ajudar o Grêmio a curar a ressaca da eliminação da Copa do Brasil e manter o time como candidato ao título do Brasileirão.