O ano era 2005. Com meia dúzia de jogadores, o Grêmio, recém-rebaixado no campeonato nacional, reapresentava-se no Estádio Olímpico. Entre aquele punhado de desqualificados, estava Anderson. Com 17 anos, a jovem promessa vinda das categorias de base era a única coisa a não se envergonhar da trágica temporada anterior.
Com o contrato prestes a encerrar e os cofres do clube vazios, era grande a chance da joia repetir os passos de Ronaldinho e ir embora de graça. Coube a Mário Sérgio, então diretor executivo, pagar a renovação com dinheiro do seu bolso. O final dessa história, o mundo inteiro sabe, termina com a glória gremista nos Aflitos.
Anderson se foi. Em Portugal, chegou a encantar os portugueses com o talento que já havia entortado defensores brasileiros e foi parar na Inglaterra, onde nunca conseguiu repetir seu nível de excelência. E podemos culpá-lo por perder a motivação para defender outras cores depois de viver O Milagre? Sobretudo no monótono campeonato inglês, no modorrento Manchester United de Cristiano Ronaldo e Alex Ferguson.
A vida foi cruel com Anderson ao apresentá-lo o auge tão cedo. Ir embora para a Europa foi um erro necessário para as finanças do atleta e do clube, mas apenas Anderson sofreu as consequências da separação. E quando bateu na porta de casa em busca de carinho, em 2015, precisou lidar com a rejeição de quem mais amava. Acabou buscando conforto no maior rival e teve o único resultado possível quando colocamos um jogador desmotivado em uma equipe desestruturada em todos os seus setores.
Nos últimos anos, a imagem do ousado e alegre menino do Rubem Berta deu lugar a de um homem descompromissado, infeliz e indesejado. Mas não para quem o entende e sabe que só há um lugar no planeta onde seu talento ainda pode ser aproveitado. Presidente Romildo, o resto é com o senhor.