
A entrevista sóbria e equilibrada, como sempre, aliás, de Marcelo Grohe, durante a festa da vitória, na Arena, só confirma que, além de muita qualidade embaixo das traves, ele é um baita profissional.
Ainda respirando os ares da façanha de Lanús, acho importante ressaltar neste espaço, que já usei inúmeras vezes para defender nosso goleiro, a importância de Marcelo Grohe na campanha do tri da Libertadores. Claro que Luan jogou (e joga) muita bola, que Fernandinho foi a aposta que deu certo de Renato e que Geromel e Kannemman foram monstros durante a campanha.
Mas debito parte generosa do título na conta de Marcelo Grohe, que entra para a história como um dos quatro maiores goleiros de nosso clube. Afora grandes participações nas fases iniciais, ele mostrou ser um goleiro decisivo em dois dos momentos que considero mais importantes de nossa campanha: na já histórica defesa contra o Barcelona-EQU, elogiada até por ninguém menos que Gordon Banks, e, claro, no primeiro jogo da final, quando foi responsável direto por não termos tomado gol – é bom lembrar que os milagres praticados por Grohe aconteceram quando o jogo estava 0 a 0. Se o Lanús tivesse saído na frente no placar, a história seria outra, certamente.
Grohe entra para o panteão de um dos maiores goleiros da história do Grêmio, definitivamente. Tecnicamente, é elogiado por quem entende de futebol. Embaixo dos paus, é sensacional, sabe sair do gol como poucos. É frio nos momentos mais complicados. Teve falhas neste ano? Claro que sim. Mas respondeu dentro do campo para algumas críticas que considerava, e considero bizarras, como a de que falhava em jogos decisivos.
A crítica, extremamente seletiva e parcial, não leva em conta o fato de que, de 2005 a 2016, chegamos na final de apenas uma competição nacional ou internacional, a Libertadores, em 2007. E Grohe não era o goleiro naquelas duas partidas desastrosas contra o Boca, sempre é bom lembrar.
O segundo argumento, ainda mais deplorável, dizia que ele fazia fiasco ao apontar para algum dos lados, quando se preparava para tentar defender um pênalti, e acabava não pegando. Encerro a coluna lembrando que ele pegou dois pênaltis em um jogo fundamental da campanha da Copa do Brasil, em 2016, contra o Atlético-PR. E outros três, contra o Cruzeiro, na mesma competição, em 2017.
A crítica, quando fundamentada, é sempre justa. Mas fica a lembrança: fundamentada, justa, com equilíbrio. Vale para todos: torcida, crônica esportiva e opinião pública.