Não é um exagero dizer que o Real Madrid passa por um momento grave de crise. Por mais que não exista um ambiente ruim no vestiário e que o técnico Zinedine Zidane não esteja pressionado pela torcida e diretoria (classificado antecipadamente, joga nesta quarta-feira contra o Borussia Dortmund apenas para cumprir tabela na Liga dos Campeões), os números do clube merengue no Campeonato Espanhol são os piores de um começo de temporada em uma década.
O Real é quarto na classificação, empatado com o Sevilla, com 28 pontos. São oito vitórias em 14 rodadas, um aproveitamento de 57%, o pior dos últimos 10 anos e só superior ao da temporada 2008/09, quando Bernd Schuster era o treinador.
O alemão – que tinha sido campeão espanhol na temporada anterior – acabou demitido exatamente na semana entre a 14ª e 15ª rodada, depois de perder contra o Sevilla no Santiago Bernabéu, mesmo rival do clube no próximo sábado. Será o último jogo do Real antes de embarcar para disputar o Mundial de Clubes em Abu Dhabi.
A situação de Zidane não é a mesma, já que o técnico ganhou a confiança do vestiário, da diretoria e da torcida depois de conquistar o bicampeonato da Liga dos Campeões em menos de dois anos de trabalho no clube. Mas o empate em casa contra o Fuenlabrada, de terceira divisão, os oito pontos de distância para o líder Barcelona e a incapacidade de ganhar do Tottenham em dois jogos disputados contra os ingleses na principal competição europeia, fazem acender o alerta.
Outra preocupação é a falta de gols e é preciso buscar ainda mais no passado para encontrar uma temporada em que o Real Madrid foi tão ineficaz que este ano. São 25 gols marcados e 11 sofridos, pior número desde 2006/07, quando Fabio Capello era o técnico merengue. O Real Madrid está marcando esta temporada quase um gol a menos do que na passada, quando assinalou ao menos um gol em todos os 38 jogos disputados.
Surpreende ainda mais essa má fase ofensiva porque o Real Madrid de Zidane chegou a igualar o recorde do Santos de Pelé de 73 jogos consecutivos marcando ao menos um gol. De 26 de abril de 2016 a 20 de setembro de 2017, o bicampeão europeu não perdoou a um rival sequer, grande ou pequeno, em todas as competições. Na temporada 2016/17, o Real tinha uma média de 2,8 gols por partida. Este ano, caiu para 1,7.
Chama a atenção também a falta de gols de Cristiano Ronaldo no campeonato nacional. O português marcou apenas dois goles em 68 finalizações, 3,8% de eficiência. Uma diferença enorme para seu grande rival, Messi, que, em 86 chutes a gol, marcou 13 vezes, o que significa 19% de acerto.