O Grêmio terá uma oportunidade de ouro em Abu Dhabi, daqui a duas semanas. Caso ganhe a semifinal do Mundial de Clubes contra o vencedor de Pachuca-MEX e Wydad Casablanca-MAR, é muito provável que enfrente o Real Madrid. Enquanto o Grêmio vive fase histórica, o atual bicampeão da Liga dos Campeões está muito longe do nível em que estava quando atropelou a Juventus por 4 a 1, em julho, no Millenium Stadium de Cardiff.
Marco Ruiz, veterano repórter espanhol que cobre o Real Madrid há mais de uma década para o diario AS, conhece como poucos o ambiente do clube. E define:
— Sem dúvida, o Real Madrid vive o pior momento desde que Zidane assumiu o comando, há quase dois anos.
Ruiz vai adiante:
— Quando o francês substituiu Rafa Benítez, em janeiro de 2016, o Real estava a 12 pontos do Barcelona. E conseguiu não só dar a volta por cima como também viveu fase incrível, ganhando absolutamente tudo no ano e meio seguinte. Tudo deu certo para o Real Madrid do Zidane até aquela final contra a Juve. Desde então, as coisas mudaram muito e existe uma sensação de incerteza no ambiente do clube neste momento.
O Real Madrid é apenas o quarto colocado no Campeonato Espanhol, a oito pontos do líder Barcelona e atrás do Valencia e Atlético de Madrid. Foi derrotado pelos modestos Girona e Betis em casa. O ataque, com Cristiano Ronaldo, Benzema e Bale, não está entre os três melhores da competição.
A falta de gols é um problema e um reflexo da má fase da maior estrela do clube. Cristiano Ronaldo vive o pior começo de temporada desde que chegou ao Santiago Bernabéu. Depois de perder as quatro primeiras rodadas do Espanhol, suspenso por uma expulsão na final da Supercopa da Espanha, a estrela portuguesa só conseguiu marcar dois gols em nove jogos disputados.
Na Liga dos Campeões, os números de Cristiano Ronaldo melhoram bastante: oito gols em cinco jogos. Mas isso não significa que o Real Madrid viva na competição um cenário tão diferente quanto o da liga nacional. É segundono Grupo H, três pontos atrás do Tottenham, um rival do qual não conseguiu ganhar:empatou no Santiago Bernabéu e perdeu em Wembley.
Ruiz aponta perdas de jogadores experientes como uma das razões para a falta de estabilidade do Real. Segundo ele, "o clube perdeu muita qualidade antes do começo da temporada. Vendeu Morata, James Rodríguez e Pepe, que davam segurança e experiência quando um titular estava lesionado ou em má fase. Neste ano, o banco é jovem e inexperiente e não está respondendo à altura".
Os campeões europeus chegaram ao Mundial de Clubes em bons momentos em quatro das últimas cinco edições. Foi assim com o Bayern de Guardiola, o Real invicto de Ancelotti e o Barcelona de Messi e Neymar, além do Real de Zidane. E venceram todas. No único ano em que o europeu chegou ao Mundial em crise, perdeu.
A façanha ocorreu em 2012, com o Corinthians de Tite, o único clube sul-americano que quebrou a hegemonia europeia no Mundial de Clubes nos últimos 10 anos. E conseguiu porque enfrentou um Chelsea em mau momento. Depois de ganhar a primeira Liga dos Cam,peões dda sua historia, em 2012, o clube azul de Londres chegou ao Japão em crise. Começou mal as temporadas inglesa e europeia, e os resultados negativos derrubarma o técnico Roberto Di Matteo duas semanas antes do embarque para enfrentar o Timão no Japão. Sob o comando de Rafa Benítez, aquele Chelsea cheio de estrelas como Hazard, Lampard, Ashley Cole e David Luiz não foi capaz de superar a organização defensiva de Tite, que ganhou com um gol de Paolo Guerrero, aos 24 minutos do segundo tempo.