O Gre-Nal 435 desta quarta-feira (9) teve suas atenções divididas entre o campo e as cercanias do Beira-Rio. Se os técnicos Alexander Medina e Roger Machado tiveram a missão de preparar as estratégias para o jogo, a Brigada Militar se mobilizou para conter qualquer ação de violência que impedisse a repetição do triste episódio de 26 de fevereiro, quando pela primeira vez em mais de 112 anos de história o clássico não pôde ser realizado em razão do violento ataque ao ônibus do Grêmio.
Sem que o responsável pela pedrada que feriu o volante Mathias Villasanti tenha sido até agora identificado, o confronto válido pela 9ª rodada do Gauchão foi remarcado cercado de polêmica entre as direções de Inter e Grêmio, que até tentou impedir a presença de torcida no Beira-Rio.
A recepção das duas torcidas foi um dos pontos de atenção. Pouco depois das 18h, o comboio com os ônibus que levaram os cerca de 2 mil gremistas chegou ao Beira-Rio sob forte custódia da BM. Não houve registro de problemas graves. Apenas alguns torcedores se posicionaram com o corpo para fora das janelas, apesar da orientação de policiais militares para evitar esse tipo de manifestação.
Em razão dos cuidados ampliados com a segurança, o deslocamento da delegação gremista de sua concentração nas proximidades da Arena até o Beira-Rio foi mais demorada e levou pouco mais de uma hora. O ônibus tricolor deixou o Hotel Deville, nas proximidades do Aeroporto Salgado Filho, às 18h47min e estacionou no Beira-Rio às 19h46min, sem registro de incidentes — desta vez, a direção do clube providenciou a instalação de película antivandalismo nos vidros para aumentar a segurança da delegação.
Com mais carros e homens no entorno do estádio do que nos clássicos anteriores, a Brigada preparou um forte esquema de segurança.
Sem divulgar o contingente empregado, a PM informou que todas as unidades de policiamento subordinadas ao Comando de Policiamento da Capital (CPC) estavam envolvidas no clássico. Também foram utilizadas forças táticas de todos os seis Batalhões de Polícia Militar de Porto Alegre, responsáveis por pontos estratégicos do planejamento e da escolta das delegações de Inter e Grêmio. O efetivo contou ainda com policiais militares, agentes de inteligência e aeronaves do Batalhão de Aviação.
Onze dias depois dos tristes atos de violência que levaram a adiamento inédito do jogo, o Gre-Nal 435 pôde enfim ser realizado, com um forte esquema de segurança. Ainda se espera que os responsáveis por aquele ataque ao ônibus do Grêmio sejam identificados e punidos.
Colorados e gremista juntos
Se o clima de tensão causado pela violência de torcedores no último dia 26 estava presente nos dias e nas horas que antecederam o clássico, um casal deu uma mostra de civilidade. Sem torcida mista no Gre-Nal, os namorados Renan Rodrigues e Gabriela Deos deram um jeito de ir juntos ao Beira-Rio. E de uma maneira pouco comum. Gremista, Gabriela vestiu a camisa do Inter de sua mãe Rosângela e foi fardada como uma colorada ao lado do namorado e do amigo do casal Adalberto Silva.
No início da conversa com a reportagem de GZH, ela falou como colorada até se revelar gremista:
— Vou falar a verdade — disse aos risos, baixando a meia e mostrando uma tatuagem do Grêmio que tem na perna direita com o "1903", ano de fundação do Tricolor.
Gabriela já havia se misturado com os colorados no sábado, 26 de fevereiro. Naquele dia, ela e o namorado ficaram dentro do Beira-Rio até as 21h sem saber da confusão que provocou o adiamento do jogo. A violência daquele dia deixou sequelas. Renan contou que seus pais, Paulo Roberto e Sara, tinham ingresso para o Gre-Nal e optaram por assistir de casa. O amor aos clubes que levou o casal ao Beira-Rio não encontrava, no entanto, expectativa de um bom jogo.
— Vou ficar feliz de qualquer forma. Se o Inter ganhar, feliz pela vitória. Se perder, o Cacique Medina cai e acho que é melhor para o Inter — afirmou Renan.
— Espero um jogo ruim — completou Gabriela.