Minutos antes do acesso ao Beira-Rio, o som tradicional nas chegadas do Grêmio para os clássicos na casa do rival mudou subitamente. Das batidas das latas de cerveja, gelo e outros itens de consumo vendidos para a torcida, um estrondo foi diferente. E o caos causado por ele mudou um sábado (26) que deveria ser apenas de futebol.
Para todos os integrantes da delegação do Grêmio, o Gre-Nal acabou com apenas alguns metros do destino final. Como de praxe, jogadores e comissão técnica aguardavam a chegada ao estádio para as últimas orientações antes do aquecimento.
A ordem foi de chegar ao Beira-Rio com as cortinas das janelas do ônibus fechadas, como é protocolo orientado pela segurança do clube. Perto do espaço Sunset do estádio colorado, o "tum tum tum" tradicional começou. Ao fazer a curva para acessar o complexo, os sons mudaram.
Por conta do barulho do objetos arremessados na lateral do veículo, Thiago Santos falou para os companheiros:
— Deixa eu ver se tem pedra.
Ao abrir uma fresta da cortina pela janela, aconteceu o impacto.
Villasanti estava segurando um tablet. Pelos relatos de pessoas que estavam no ônibus, o objeto salvou o jogador de que fosse atingido diretamente por ela na altura do rosto. A tensão começou a aumentar no momento em que o veículo estacionou no espaço reservado ao clube.
Ao parar o ônibus na garagem do Beira-Rio, entre as primeiras avaliações dos ferimentos causados pelos estilhaços, Villasanti relatou estar passando mal. O jogador avisou que estava sem ar.
O impacto da pedra, que destruiu o tablet, deixou escoriações no rosto do paraguaio. Thiago Santos tinha cortes, mas nada grave. Victor Bobsin também precisou de atendimento, mas sem maior gravidade.
O relato de Villasanti, no entanto, provocou correria dos médicos e preocupação do restante dos ocupantes do veículo. Enquanto a porta da garagem fechava, gritos de membros da direção gremistas pediam o envio de uma ambulância. O que era preocupação virou indignação.
O presidente Romildo Bolzan Júnior e seus pares ouviram a indignação da comissão técnica e atletas e todos concordaram com a não realização da partida. Villasanti deixou o local em uma maca e o Grêmio comunicou todos os órgãos competentes sobre a decisão de que não entraria em campo.
Após o susto com o paraguaio, Campaz foi outro jogador que relatou um mal estar com o ataque. Após atendimento, afirmou que estava bem e permaneceu no local. Mas, como o médico Márcio Dornelles acompanhou Villasanti ao hospital, uma equipe médica que estava trabalhando no estádio foi chamada para atender ao colombiano. Além da avaliação da situação do jogador, foi necessário uma intervenção para retirar cacos de vidro de dentro do ouvido do atleta.