O ônibus com a delegação do Grêmio foi atingido por uma pedra e uma barra de ferro na chegada ao Beira-Rio. Por conta do incidente, a direção tricolor decidiu que o clube não disputaria o clássico Gre-Nal, que estava previsto para as 19h deste sábado (26). Desse modo, o jogo foi adiado. Uma nova data será informada em breve.
A decisão foi tomada pela Federação Gaúcha de Futebol (FGF) às 20h05min, após reunião do presidente Luciano Hocsman com as direções dos clubes. A demora ocorreu porque o presidente da entidade estava em Caxias do Sul, acompanhando o clássico Ca-Ju, e depois se deslocou para Porto Alegre.
Com jogadores feridos, o Grêmio alegou desequilíbrio para realização da partida, já que estaria desfalcado de pelo menos três jogadores. Estilhaços acertaram jogadores, entre eles o paraguaio Mathias Villasanti, que chegou a ficar desacordado, e foi levado para o hospital Moinhos de Vento, acompanhado do médico Márcio Dornelles. Campaz e Thiago Santos também foram atingidos. O clube registrou um boletim de ocorrência imediatamente após desembarcar no Beira-Rio.
— Um jogador quase morreu — esbravejou o presidente Romildo Bolzan Júnior em entrevista à Rádio Gaúcha.
O coronel da Brigada Militar Fernando Gralha Nunes, que acompanhou a escolta do ônibus gremista, afirmou que os responsáveis pelo ataque estavam escondidos antes da chegada do veículo.
Quase duas horas após o apedrejamento ao ônibus, o presidente colorado Alessandro Barcellos se manifestou sobre o ocorrido. O dirigente se posicionou favorável ao adiamento do Gre-Nal 435, mas disse que o Inter está atento para que não haja um desequilíbrio no Gauchão com a postergação da partida. Segundo Barcellos, todo o ambiente do futebol tem sua parte de responsabilidade pela violência no futebol e chegou a citar a imprensa por, segundo ele, ajudar a “acirrar os ânimos”.
— O Inter manifesta sua contrariedade a esses episódios de violência que têm acontecido, que aconteceu na Bahia e hoje aqui. O Inter vai contribuir para que sejam localizados e identificados aqueles que fizeram isso. O Inter concorda com a não realização da partida, mas o Inter está preocupado com o desequilíbrio do campeonato — disse Alessandro Barcellos.
Desde o incidente até a definição da suspensão da partida, os aproximadamente 20 mil torcedores colorados e dois mil gremistas presentes no Beira-Rio mantiveram o comportamento comum, cantando e esperando o começo da partida. Não houve aviso nos telões sobre o que estava acontecendo.
Às 18h45, restando 15 minutos para o horário previsto para iniciar o Gre-Nal, o árbitro Leandro Vuaden comunicou que, em um primeiro momento, existia a possibilidade de o clássico iniciar às 21h. No entanto, na mesma manifestação, Vuaden revelou que aguardava nova ordem da Federação Gaúcha de Futebol (FGF).
O que diz o regulamento?
Conforme o Regulamento Geral de Competições da Federação Gaúcha de Futebol, "O árbitro é a única autoridade para decidir, a partir de 02 (duas) horas antes do horário previsto para o seu início, acerca da transferência, bem como a Única autoridade para decidir no campo de jogo a respeito da interrupção ou suspensão de uma partida. Em tais casos o árbitro fará chegar à FGF com a maior urgência um relatório minucioso dos fatos."
O regulamento também estabelece que uma partida somente poderá ser adiada, interrompida ou suspensa por uma série de motivos. Entre eles estão "Falta de garantia e/ou segurança (Policiamento ostensivo – Brigada Militar, ambulância), conflitos ou distúrbios graves, no campo e/ou no estádio, procedimentos contrários à disciplina, por parte dos componentes das equipes e/ou de suas torcidas e motivo extraordinário, não provocado pelas equipes, e que represente uma situação de comoção incompatível com a realização e/ou continuidade da partida".
Tentativa de homicídio
A polícia trabalha para identificar suspeitos de arremessar pedra em ônibus do Grêmio. Conforme a delegada Ana Luiza Caruso, da 2ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, o trabalho para descobrir o autor ou os autores do crime já está sendo feito.
Segundo a delegada, cerca de 100 torcedores cercaram o ônibus do Grêmio. A quantidade de pessoas dificultou o trabalho da Brigada Militar, que fazia a escolta do veículo, na identificação e prisão dos suspeitos no momento em que os objetos foram arremessados. Ela disse ainda que avaliará se esses torcedores serão responsabilizados por lesão corporal grave ou tentativa de homicídio.
— Quando se joga uma barra de ferro ou uma pedra dessas em uma pessoa, ela pode ser morta. É o que chamamos de dolo eventual, porque pode matar uma pessoa. A intenção de matar ou lesionar é considerada por nós na investigação — garantiu Ana Luiza Caruso.
A Brigada Militar retirou dois homens da parte interna do Beira-Rio por suspeita de participação ao ataque ao ônibus do complexo do estádio do Inter. Não foram confirmadas as idades e as identidades dos detidos. Os dois estão prestaram esclarecimentos na área judicial do Palácio da Polícia.