Vocês conseguiram, marginais. Alcançaram seu objetivo máximo, que é provocar o caos e a desordem, que é disseminar a ignorância e a estupidez. Perdemos nós, que somos seres sociáveis e civilizados. Não sai o Gre-Nal 435. Estão certos os dirigentes em adiar o clássico. Alguém precisava tomar uma atitude diante da escalada de violência nos nossos estádios.
Era preciso parar e colocar a bola ao centro para que se discuta e se debata com a profundidade necessária tudo o que está acontecendo. Era preciso fazer isso antes da tragédia que, a cada jogo, fica mais próxima. A tragédia, meu amigo, não tem cor, antes de que se grenalize esse tema. A tragédia é sombria e gelada. Não é vermelha nem azul, insisto.
A emboscada ao ônibus do Grêmio feita por marginais no entorno do Complexo Beira-Rio flertou de forma muito forte com essa tragédia. O paraguaio Villasanti escapou por pouco. Assim como escapou Danilo Fernandes, na quinta-feira, em Salvador ao ataque ao ônibus do Bahia. A mão divina pesou sobre a cabeça dos dois.
Atirar um paralelepípedo e uma barra de ferro em um ônibus no qual estão atletas profissionais a caminho do trabalho é ato de bandido. Atirar uma bomba no ônibus do time que está em dificuldade técnica é ato de bandido. E bandido, meus amigos, precisa estar apartado da sociedade. Precisa estar no lugar onde se coloca bandido e enquadrado por leis severas, sem brechas (e essa é outra discussão).
Era preciso parar e levantar uma bandeira em meio a esse tsunami de ódio e violência que vivemos. Parabéns ao Grêmio e ao Inter tiveram a coragem de se erigir e abrir essa discussão. Precisamos debater a fundo, sem cores e com objetivos únicos: Necessitamos de torcidas organizadas? Necessitamos de espaços sem cadeiras nos estádios identificados como se fossem guetos? Não passou da hora de termos um braço da Brigada Militar para tratar exclusivamente de torcidas? Será que a inteligência da BM não pode designar militares para monitorar os movimentos desses marginais? Aliás, se isso tivesse sido feito, estaríamos falando, agora, do Gre-Nal.
Enfim, perdemos todos. Perdemos o Gre-Nal, o único garantido neste ano e pelo qual esperamos tanto. Mas, se há um alento, é de que, neste sábado, Grêmio e Inter ergueram a voz e tomaram a decisão de enfrentar os marginais e evitar a tragédia que se avizinha.