Bem, estava na cara que ia acontecer. Apedrejar ônibus com atletas virou moda no Brasil, mas o jogo sempre seguiu - a despeito das manifestações de indignação contra a violência. Que, justamente por o jogo seguir, perdem força. Precisou dois jogadores (Danilo Fernandes, do Bahia, e Villasanti, do Grêmio) serem gravemente feridos para um fato relevante acontecer.
Após a emboscada do ônibus do Grêmio antes do Gre-Nal, com pedra de basalto e barra de ferro quebrando tudo e atingindo jogadores, não havia mesmo ambiente para jogar.
Parabéns ao presidente Romildo Bolzan, que decidiu não entrar em campo. E também a Alessandro Barcellos, do Inter, que se solidarizou com a iniciativa do rival.
Não pode mais seguir o jogo. Chega. Foi tentativa de homicídio. A pedra atingiu diretamente a cabeça de Villasanti. Estilhaços cortaram Bobsin e Thiago Santos.
Já tivemos colorados apedrejando colorados, como no Brasileirão passado. Gremistas tocaiando gremistas, como no episódio do CT Luiz Carvalho. Colorados atacando gremistas e gremistas agredindo colorados. Não dá mais. Chegou a hora de a Brigada Militar ter uma polícia específica para os estádios.
Sei que há uma polêmica aí.
A BM alega que não pode dispender tantos recursos públicos e de pessoal em razão de brigões de organizadas, tendo uma cidade e a população inteira para cuidar. Quer, no mínimo, dividir despesas de uma eventual polícia dos estádios.
Os clubes dizem que a responsabilidade da segurança pública, como o nome diz, é pública. E, por isso, jogam tudo nas costas da BM. Isso quando se sabe que, historicamente, os clubes mantêm relações com organizadas. Algumas têm ramificações políticas e representantes nos Conselhos Deliberativos, portanto não são tratadas como inimigas.
Minha sugestão é a criação de uma polícia especializada em policiamento dos estádios. Haverá vontade política?
Que se discuta o seu financiamento, quem sabe em parceria do Governo Estadual e dupla Gre-Nal. E quem mais quiser ajudar, inclusive outros clubes.
Algo tem de ser feito na prática. Ou inocentes morrerão.