O fim dos anos 1970 e o início dos 1980 foram de equilíbrio nas conquistas do Gauchão. O Grêmio festejou um bicampeonato depois de 16 anos. O Inter deu o troco nas duas temporadas seguintes. A curiosidade foi que, nas três últimas edições desta sequência, a festa do campeão sempre ocorreu na casa do rival: o Grêmio, em 1980, no Beira-Rio, e o Inter, em 1981 e 1982, no Olímpico.
1980 — GRENAL 255 — INTER 0X0 GRÊMIO
22º título do Grêmio
O Grêmio começou o Gauchão de 1980 com Valdir Espinosa como técnico e Renato Portaluppi no grupo de jogadores. Ambos chegaram de Bento Gonçalves no inicio da temporada. O Tricolor venceu o primeiro turno e se garantiu no hexagonal final com um ponto extra. O Inter, depois de perder a Libertadores, excursionar pela Europa e ficar sem Falcão, reagiu no segundo turno e também chegou à fase decisiva com um ponto extra.
Espinosa perdeu o emprego para Paulinho de Almeida, e Baltazar foi o nome gremista no estadual. Ele marcou 28 gols no campeonato — número jamais superado em uma única edição do Gauchão.
Gangorra equilibrada em decisões de Gauchão
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Os títulos festejados na casa do rival
Os times disputaram ponto a ponto o titulo até que, na penúltima rodada da fase final, o Inter perdeu em São Borja e o Grêmio ganhou do Juventude. O Tricolor passou à frente na classificação e só precisava de um empate no Beira-Rio para chegar ao bicampeonato. No domingo, 23 de novembro, Leão segurou todas na defesa e o Grêmio festejou um título pela primeira vez dentro da nova casa colorada, que havia completado 11 anos sete meses antes.
Time campeão: Leão, Nelinho, Vicente, Vantuir e Dirceu; Vitor Hugo, Paulo Isidoro e Vilson Tadei (Bonamigo); Tarciso, Baltazar e Renato Sá (Jurandir). Técnico: Paulinho de Almeida.
1981 — GRENAL 259 — GRÊMIO 1X1 INTER
26º título do Inter
Perder dois Gauchões seguidos fez o Inter se mobilizar em 1981. Mário Juliato durou pouco tempo no cargo de técnico, e Cláudio Duarte foi chamado outra vez. Agora com 30 anos, Claudião armou um time que, no segundo turno do octogonal final, chegou a abrir cinco pontos de vantagem sobre o Grêmio, de Ênio Andrade, faltando seis rodadas para terminar o campeonato (na época, as vitórias valiam dois pontos).
Mas tropeços seguidos para São Paulo-RG, Inter-SM e Novo Hamburgo recolocaram o Tricolor na disputa. Uma vitória dava ao Grêmio o tri no Gre-Nal da última rodada, 29 de novembro, no Olímpico. Aos colorados, bastava o empate.
Cláudio Duarte se fechou e colocou um zagueiro, Mauro Galvão, de volante, a frente da zaga formada por Mauro Pastor e André Luis. Sem sofrer e apostando em contra-ataques, o Inter saiu na frente com Silvinho, num chutaço que surpreendeu Leão. Até hoje não se sabe se ele quis cruzar ou fazer o gol mesmo.
No segundo tempo, Baltazar saiu da reserva para se juntar a Geraldão e o Grêmio tentar a virada com dois centroavantes. Conseguiram o empate, mas não foi suficiente. Inter campeão dentro da casa gremista.
Time campeão: Benítez, Paulinho Beleza, Mauro Pastor, André Luís e Rodrigues Neto; Ademir, Mauro Galvão e Cléo; Sílvio (Jésum), Bira e Silvinho. Técnico: Cláudio Duarte.
1982 — GRENAL 263 — GRÊMIO 0X2 INTER
27º título do Inter
Campeão brasileiro no ano anterior, o Grêmio começou 1982 com o reforço de Batista, ex-Inter, no meio, e Renato Portaluppi como titular no ataque. Ernesto Guedes era o técnico colorado e chegava embalado para o Gauchão no segundo semestre, depois de conquistar o Troféu Joan Gamper em cima do Barcelona, de Maradona, na Espanha.
Guedes chegou a protagonizar uma das cenas inesquecíveis do futebol gaúcho. Acidentalmente, disparou um tiro de revólver contra a própria mão e ficou afastado dos jogos por 10 dias, durante o hexagonal final. Abílio dos Reis foi o substituto e manteve o Inter na liderança.
Quando o campeonato chegou na última rodada, o Inter tinha um ponto de vantagem sobre o Grêmio no Gre-Nal do dia 28 de novembro, no Estádio Olímpico. Conta simples: os gremistas precisavam vencer, e, os colorados, empatar.
O personagem do clássico havia trocado de lado de um ano para o outro. Mas não foi Batista. E, sim, Geraldão. O centroavante não renovou seu contrato com o Grêmio no final de 1981 e acabou parando no Beira-Rio. Três semanas antes, ele havia feito os três gols do Inter, no Gre-Nal do primeiro turno.
No jogo do título, fez mais dois, um em cada tempo, e alcançou a glória entre a torcida colorada. Do outro lado, o jovem Renato foi mal demais. Reclamou tanto do árbitro Carlos Rosa Martins que foi expulso aos 28 minutos do primeiro tempo, contribuindo decisivamente para a derrota do Grêmio.
Time campeão: Benítez, Edevaldo, Mauro Pastor, Mauro Galvão e André Luís; Ademir, Cléo e Ruben Paz (Silva); Sílvio (Paulo César), Geraldão e Silvinho. Técnico: Ernesto Guedes.