Os anos 1970 não foram fáceis para os tricolores. O Inter emplacou três títulos nacionais e oito estaduais. Entre 1974 e 1976, todas as conquistas do Gauchão foram obtidas em cima do maior rival, em clássicos que movimentaram a capital e revelaram um sentimento de enorme frustração de um dos maiores nomes do Grêmio. Após um dos clássicos do Estadual de 1975, o ponteiro-direito Tarciso desabafou, após 17 confrontos sem vitória: "Não aguento mais perder para o Inter".
ZH agora relembra os três conquistados em sequência pelo Inter. Em todos eles, Rubens Minelli era o técnico colorado. Ele chegou a Porto Alegre no início de 1974 para substituir o tricampeão Dino Sani. E não é que ele repetiu o feito?
1974 - Gre-Nal 215
Inter 1x0 Grêmio
Reforçado com o goleiro Manga e com o ponteiro Lula, após o quarto lugar no Brasileirão, o Inter, que já tinha Falcão, Carpegiani e Escurinho no meio-campo, atropelou no Campeonato Gaúcho. Venceu todas as 18 partidas que disputou, marcando 43 gols e sofrendo apenas dois. A conquista dos dois turnos antecipou o título e evitou uma fase final. Foi no Gre-Nal de 1.º de dezembro de 1974, pela nona e última rodada do segundo turno do decagonal decisivo, que o time de Rubens Minelli consolidou a histórica campanha. Valdomiro aproveitou rebatida de Ancheta e deu uma pancada de perna direita, sem chances para o goleiro Picasso. Inter 1 a 0 - era o segundo hexa (1969/1974) colorado no Gauchão (o outro havia sido com o Rolo Compressor entre 1940 e 1945).
Time campeão: Manga, Cláudio Duarte, Figueroa, Pontes e Vacaria; Falcão, Carpegiani e Escurinho; Valdomiro, Sérgio Lima (Claudiomiro) e Lula. Técnico: Rubens Minelli.
1975 - Gre-Nal 220
Inter 1x0 Grêmio
Se você pensar em formulismo no Campeonato Gaúcho volte 46 anos no tempo. Em 1975, a Federação Gaúcha de Futebol fez um regulamento com três fases. Mas não se diga que não houve emoção. Na primeira etapa, 20 times jogaram em turno único e os quatro primeiros passaram para um quadrangular com jogos de ida e volta. Cada campeão de fase ia acumulando pontos-extras.
O Inter venceu todas as etapas e dispensou a decisão. A classificatória e os dois turnos da fase final com quatro times. A taça foi erguida no Gre-Nal de 10 de agosto de 1975, no Beira-Rio. Depois de um 0 a 0 no tempo normal, aos 14 minutos da prorrogação, Valdomiro partiu em velocidade pela direita, deu uma meia-lua no lateral Jorge Tabajara e cruzou. Ancheta rebateu mal, a bola estourou no peito do goleiro Picasso e sobrou para Flávio empurrar para as redes, decidir o clássico e coroar o Inter como heptacampeão gaúcho, igualando o recorde obtido pelo Grêmio em 1968.
Time campeão: Manga, Cláudio Duarte (Pontes), Figueroa, Herminio (Batista) e Vacaria; Falcão, Carpegiani e Escurinho; Valdomiro, Flávio e Lula. Técnico: Rubens Minelli,
1976 - Gre-Nal 227
Inter 2x0 Grêmio
A fórmula de 1976 repetiu o ano anterior. Desta vez, o Grêmio venceu a primeira etapa com 20 times mas o Inter foi melhor nos dois quadrangulares seguintes, chegando aos jogos de desempate. O Grêmio com um ponto extra e o Inter com dois. Quem chegasse a quatro pontos primeiro, seria o campeão. Ao Inter, bastava uma vitória na primeira final ou dois empates. E os comandados de Rubens Minelli despacharam os rivais logo de cara.
No domingo, 22 de agosto, o Beira-Rio lotado viu Lula e Dario definirem o campeonato em seis minutos, com gols aos 14 e aos 20 minutos do segundo tempo. O primeiro e único octacampeão gaúcho estava decretado. Festa colorada em todo o Estado que perdeu um pouco da empolgação nas horas seguintes, pela confirmação da morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek, aos 73 anos, em acidente de carro, na Via-Dutra, quando ia de São Paulo para o Rio de Janeiro. O Brasil ficou de luto.
Time campeão: Manga, Cláudio Duarte, Figueroa, Marinho Peres e Vacaria; Caçapava, Jair (Escurinho) e Falcão; Valdomiro, Dario (Batista) e Lula. Técnico: Rubens Minelli.