Criado em 1919, o Gauchão só foi viver seu maior clássico 42 anos depois, em 1961. A Federação Gaúcha de Futebol (FGF) ampliou o número de participantes e mudou a fórmula de maneira radical: terminaram as etapas regionais e os jogos atingiriam todo o Estado. Foi então que Grêmio e Inter começaram a jogar o Gauchão juntos, quando mais de um time por cidade poderia disputar.
De lá para cá, a dupla Gre-Nal venceu 57 dos 60 campeonatos. Juventude (1998), Caxias (2000) e Novo Hamburgo (2017) foram os raríssimos intrusos nesta eterna disputa entre tricolores e colorados. Mas apesar de tantas conquistas (95% do total), nem sempre a taça foi erguida num confronto direto entre os gigantes da Capital. Menos da metade das vezes isto efetivamente ocorreu.
Para relembrar estas ocasiões, GZH vai destacar as 27 temporadas do Gauchão finalizadas num Gre-Nal.
Dois foram os critérios adotados para a definição: os 16 clássicos que aconteceram em decisões (seja em jogos únicos, no sistema ida e volta e até playoff de três partidas) e os 11 Gre-Nais que decidiram o campeão, porém, pelo regulamento, não eram finais de campeonato, mas se tornaram jogos decisivos em determinada rodada de acordo com a fórmula de disputa.
Campeões em clássicos
1962: Grêmio
1964: Grêmio
1969: Inter
1974: Inter
1975: Inter
1976: Inter
1977: Grêmio
1978: Inter
1980: Grêmio
1981: Inter
1982: Inter
1985: Grêmio
1986: Grêmio
1987: Grêmio
1989: Grêmio
1990: Grêmio
1991: Inter
1992: Inter
1995: Grêmio
1997: Inter
1999: Grêmio
2006: Grêmio
2010: Grêmio
2011: Inter
2014: Inter
2015: Inter
2019: Grêmio
1962 - GRE-NAL 164
GRÊMIO 4X2 INTER
Tudo parecia estar perdido. Faltando duas rodadas para o término do campeonato, o Inter tinha quatro pontos de vantagem sobre o Grêmio. Faltava apenas um empate para o bicampeonato. Mas em 9 de dezembro, com Paulo Lumumba em campo, emprestado pelo Grêmio no início da temporada, e Carlos Froner, ao lado, de técnico, o Aimoré atropelou o Inter em pleno Eucaliptos, numa histórica vitória por 3 a 1. No mesmo horário, o Grêmio goleava o Pelotas, no sul do Estado, por 4 a 0. Havia então, na semana seguinte, o Gre-Nal da última rodada. De novo, só o Inter poderia sair campeão. O empate bastava. Os gremistas tinham de vencer para provocar um jogo-extra pois não havia critério de desempate em caso de igualdade. E conseguiram: 2 a 0, gols de Marino. Fim da fase com os dois times empatados com 32 pontos em 22 rodadas. A federação então marca o jogo-extra para a noite de 7 de fevereiro de 1963, no Olímpico.
Embalado, o Grêmio sofreu o primeiro gol, de Flávio, mas reagiu, virou e ampliou, com dois gols de Ivo Diogo e um de Joãozinho. No finalzinho, Soligo descontou mas Vieira deu números finais: Grêmio 4 a 2. Tricolor campeão gaúcho de 1962 nos primeiros meses de 1963.
Time campeão no Gre-Nal:
Henrique, Altemir, Airton, Renato Silva e Ortunho; Élton e Milton Kuelle; Marino, Joãozinho, Ivo Diogo e Vieira. Técnico: Sérgio Moacir Torres
Título do Grêmio: 13º
1964 - GRE-NAL 173
GRÊMIO 3X0 INTER
Com a mesma fórmula de anos anteriores, o Gauchão chegava a última rodada de 1964 com uma diferença: não havia possibilidade de um jogo-extra. Ao Grêmio bastava o empate para ser campeão. Ao Inter, era preciso vencer na casa do adversário, por qualquer placar.
Sérgio Moacir Torres era tricampeão como técnico no novo formato de disputa do estadual. Venceu em 61 pelo Inter e nos anos seguintes pelo Grêmio. Agora, voltava aos Eucaliptos para seguir vencendo mas a base montada no Olímpico permanecia forte, tendo Carlos Froner de treinador.
E dentro de campo, o fundamental foi Alcindo, o Bugre. No seu primeiro Gauchão pelo Grêmio, com apenas 19 anos, ele marcou 10 gols, dois deles no Gre-Nal decisivo de 1.º de novembro. Joãozinho fez o terceiro na vitória por 3 a 0, consolidando o tricampeonato gremista.
Time campeão no Gre-Nal:
Alberto, Altemir, Airton, Áureo e Ortunho; Cléo e Sérgio Lopes; Paulo Lumumba (Marino), Joãozinho, Alcindo e Vieira. Técnico: Carlos Froner.
Título do Grêmio: 15º
1969 - GRE-NAL 192
INTER 0X0 GRÊMIO
Em conquistas seguidas, o Grêmio dos anos 60 já tinha superado os inesquecíveis times do Inter conhecidos como "Rolo Compressor" e "Rolinho", nos anos 40 e 50, respectivamente. O tricolor era heptacampeão gaúcho e busca a oitava conquista na nova casa colorada. O Beira-Rio era o trunfo dos colorados para estancar a seca de títulos. Na última rodada do octogonal final, o Gre-Nal, marcado para o estádio colorado, era atração na noite de quarta-feira, 17 de dezembro de 1969. Ao Inter, bastava o empate para ser campeão. E o time de Daltro Menezes chegou a fazer 1 a 0, com Valdomiro, mas o gol acabou anulado pelo árbitro Zeno Escobar Barbosa que viu falta do atacante sobre Everaldo. Revoltado, o dirigente colorado, Ibsen Pinheiro, invadiu o campo para xingar a arbitragem e ameaçou abrir os portões da antiga coreia para entrada dos torcedores. Houve muita confusão mas a partida foi reiniciada e seguiu até o fim com o placar sem gols. O Inter era de novo, campeão gaúcho.
Time campeão no Gre-Nal:
Gainete, Édson Madureira, Valmir, Pontes e Jorge Andrade; Carbone e Tovar; Valdomiro (Carlitos), Sérgio, Claudiomiro e Dorinho. Técnico: Daltro Menezes.
Título do Inter: 17º