O ano de 2019 foi de fincar a bandeira do futebol feminino definitivamente no Brasil. Na televisão, a TV Globo transmitiu pela primeira vez em sua história um amistoso da seleção feminina de futebol. No comando do Brasil, chegou a bicampeã olímpica Pia Sundhage, uma estrangeira, algo nunca cogitado em outros momentos pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O novo cenário deu aos clubes um aval para que seus projetos fossem fortalecidos, incrementados e colocados à luz de suas direções. Cristiane, Tamires, Erika e outros nomes voltaram a jogar nos gramados brasileiros atraídas pela nova realidade.
Integrantes da turma precursora, Grêmio e Inter viram uma oportunidade e apostaram na modalidade com um ingrediente corriqueiro do Rio Grande do Sul: a rivalidade. Esta palavra tão simples, que fez com que um ajudasse o outro a subir, estará mais uma vez presente na final do Gauchão, domingo, em Ijuí, às 16h.
Um Gre-Nal decide a competição e colocará novamente frente a frente dois trabalhos consistentes. Com selecionáveis como Fabi Simões e Bruna Benites em seu elenco, o Colorado tem um projeto ambicioso e sempre de olho no mercado com a diretora Duda Luizelli.
O Tricolor é mais comedido nos investimentos, mas planeja o futuro com nomes em sua base e ainda apoios importantes como o do volante Maicon, que esteve com o time na partida diante do Brasil-Far, em Gravataí.
Cada lado mostra sua força de olho em um tira-teima: depois do retorno do clássico, cada equipe tem um título. Enfim, o jogo será uma amostra do que espera os dois em 2020, quando se encontrarão no Campeonato Brasileiro Série A1, a primeira divisão do futebol feminino, com presenças de peso como Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Santos, Flamengo e outras agremiações.
Uma possibilidade dos rivais desbravarem ainda mais esse universo que tem muito a crescer e a dar. Basta ter inteligência, dedicação e sobretudo paixão pela modalidade. Que não abandonem a trilha nos tropeços. Neles, se reconstruam e mirem o protagonismo. É isso que escudos do tamanho de Grêmio e Inter sempre precisam ir atrás.
Cíntia Barlem é jornalista, comentarista de futebol feminino do SporTV, editora no globoesporte.com e escreve para o blog Dona do Campinho