"Bem-vindo a Meaanjin", dizia uma placa com o logotipo da Copa do Mundo Feminina no terminal de desembarque do Aeroporto de Brisbane. Já em Adelaide, durante a vitória da Seleção Brasileira por 4 a 0, sobre o Panamá, o banner das entrevistas coletivas apresentava o palco do jogo como "Tarntanya". Ocorre que, por uma medida de inclusão, a Fifa decidiu utilizar, além do inglês, os idiomas aborígene e maori em todos os materiais oficiais do Mundial na Austrália e na Nova Zelândia.
Os aborígenes foram os primeiros povos a habitar a Austrália. Oriundos da África, chegaram ao país há cerca de 65 mil anos, egressos das ilhas asiáticas próximas à Oceania e navegando em canoas pelos mares do Oceano Índico e Pacífico. Já os maoris foram os primeiros habitantes da Nova Zelândia e chegaram há cerca de mil anos, vindo das ilhas da Polinésia.
Desde o início da colonização inglesa dos dois países no século XIX, os aborígenes e os maoris foram perseguidos pelos invasores europeus e, ao longo dos anos, tiveram a população drasticamente reduzida. Hoje, as tribos dos povos originários vivem em locais afastados dos grandes centros e convivem com um histórico de exclusão e discriminação racial.
Para reparar a opressão histórica e ajudar a preservar as culturas aborígene e maori, diversos movimentos nos dois países defendem a adoção de medidas inclusivas nas sociedades australiana e neo-zelandesa. Na Copa do Mundo, não está sendo diferente.
Em todos os jogos disputados na Austrália, a bandeira aborígene - rubro-negra, com um circo amarelo no centro -, é estendida ao lado da bandeira oficial do país. Já nas partidas disputadas na Nova Zelândia, os estádios exibem a bandeira maori - também rubro-negra, mas com detalhes brancos.
— Essas bandeiras expressam o desejo de respeito mútuo, identidade nacional e reconhecimento das culturas indígenas para os nossos anfitriões — disse o presidente da FIFA, Gianni Infantino.
Além disso, praticamente todos os materiais da Copa do Mundo são bilíngues. Em todos os estádios e cartazes oficiais, os nomes da cidade são exibidos em inglês e no idioma aborígene ou maori, dependendo do país.
Adelaide, por exemplo, onde o Brasil estreou, é Tarntanya. Já Brisbane, onde a Seleção Brasileira joga no sábado (29) contra a França, é Meaanjin. Melbourne, por sua vez, palco do jogo das brasileiras contra a Jamaica, no dia 2, também é conhecida como Naarm. Já as outras duas cidades-sede da Austrália, Sydney e Perth, também são conhecidas, respectivamente, por Gadigal e Boorloo.
A Nova Zelândia tem ainda outra peculiaridade. Oficialmente, o país também é conhecido pelo nome maori Aotearoa, que também está incluído nos materiais oficiais da Fifa. A capital Wellington é chamada de Te Whanganui-a-tara. Já Auckland, palco da abertura da Copa do Mundo, também é conhecida por Tãmaki Makaurau. Dunedin e Hamilton, por sua vez, são chamadas de Õtepoti e Kirikiriroa.
Confira abaixo os nomes das cidades-sede da Copa nos idiomas inglês e aborígene ou maori
Austrália
Melbourne/Naarm
Sydney/Gadigal
Brisbane/Meaanjin
Perth/Boorloo
Adelaide/Tarntanya
Nova Zelândia
Auckland/Tāmaki Makaurau
Wellington/Te Whanganui-a-tara
Dunedin/Ōtepoti
Hamilton/Kirikiriroa