A ausência de Marta do 11 titular da Seleção Brasileira que disputa a Copa do Mundo Feminina gera discussão, principalmente em quem não acompanha tão de perto o trabalho feito por Pia Sundhage.
Aos 37 anos, a camisa 10 não tem mais uma condição física que lhe permita atuar em todos os minutos do Mundial, o que leva a técnica sueca a usá-la de forma pontual. Pois na estreia com goleada de 4 a 0 sobre o Panamá, o Brasil construiu um volume ofensivo que compensou a ausência de sua principal jogadora.
O Panamá está longe das principais equipes do Mundial, mas esse é o mesmo caso da Jamaica, que segurou um 0 a 0 com a favorita França na abertura do Grupo F. Pois nesta segunda-feira (24) as brasileiras não deram chance para a zebra.
Pia Sundhage montou o Brasil em um 4-4-2 inicial. A linha defensiva teve Antônia, Lauren, Rafaelle e Tamires. À frente delas, Luana foi a primeira volante, com Kerolin tendo liberdade para se juntar ao setor ofensivo. Ary Borges partiu do lado direito e Adriana do esquerdo, se aproximando das atacantes Bia Zaneratto e Debinha.
Na fase ofensiva, porém, Ary e Adriana faziam diagonais, liberando os corredores para as subidas das laterais. Assim, o Brasil conseguia pesar a área do Panamá, que se posicionava com uma linha de cinco defensoras, protegidas por outras quatro no meio-campo. Karla Riley era a única atacante, ainda assim com obrigações defensivas.
Dessa forma, o Brasil conseguiu pressionar as rivais. Foram cinco finalizações nos primeiros 15 minutos. Nesse momento, os dados da Fifa mostravam que a Seleção Brasileira permitia ao máximo sete toques na bola do Panamá até recuperar a posse.
Aos 19, Ary Borges aproveitou cruzamento de Debinha do lado esquerdo para abrir o placar. Foi pela esquerda também que veio da lateral Tamires o cruzamento para que Ary Borges finalizasse duas vezes para vencer a goleira Bailey e marcasse o 2 a 0, garantindo uma vantagem confortável antes do intervalo.
O domínio brasileiro na primeira etapa foi traduzido nos números com uma posse de bola de 75% e 16 finalizações, sete delas no alvo. O Panamá não chutou nenhuma vez no gol defendido por Lelê.
A vantagem deu tranquilidade para o Brasil manter o domínio na etapa final. Em nova jogada iniciada pelo lado esquerdo, as brasileiras construíram uma das mais belas jogadas do Mundial, que terminou com Ary Borges dando de calcanhar a assistência para Bia Zaneratto.
Ary Borges ainda anotou mais um para o seu hat-trick e a definição do 4 a 0 para o Brasil. Só após o quarto gol que Marta foi chamada para entrar no lugar da estrela da estreia. Em campo por 15 minutos, a camisa 10 teve uma finalização no gol e deu 10 passes, todos certos.
O jogo terminou com posse de bola total de 73% do Brasil. Foram 32 finalizações contra seis do Panamá, que só ameaçou após as brasileiras adquirirem vantagem confortável no placar.
O Brasil de Pia, assim, confirmou o favoritismo na estreia no jogo em que o ataque teve o volume esperado. A defesa não chegou a ser testada, algo que deverá ocorrer diante da França na próxima rodada. Contra a adversária mais forte do grupo, pode ser que o plano Marta seja importante, mas para a estreia a qualidade de maior jogadora da história nem foi necessária para o Brasil iniciar sua campanha com os três pontos.
Números de Brasil x Panamá
- Placar: 4 a 1
- Posse de bola: 73% x 27%
- Passes certos: 572 x 214
- Finalizações: 32 x 6
- Finalizações no gol: 10 x 2
- *Fonte: Sofascore