Se não é o treinador mais vencedor da história do futebol nacional, certamente está na lista dos maiores. No Rio Grande do Sul, não há nada igual. O currículo de Luiz Felipe Scolari ostenta desde título mundial com a Seleção Brasileira a continental por dois clubes diferentes. Entretanto, a taça do Brasileirão conquistada, pelo Palmeiras neste domingo (25), tem um gosto diferente para Felipão. Isso porque ele repete o feito de 22 anos atrás, quando o Grêmio bateu a Portuguesa no Estádio Olímpico, com gols de Paulo Nunes e Aílton.
— O comandante é o mesmo, mas eu vejo poucas semelhanças entre este Palmeiras e o nosso time de 1996, que era mais completo. Mas, mostra que o Felipe tem uma grande estrela. Ninguém consegue conquistar tantos títulos sendo apenas um bom gestor de grupos. Ele é um bom treinador de campo e combina bem as peças. Podem existir pessoas mais competentes na parte tática, e eu cito o Roger que é meu amigo, mas ainda está no início. Deixou um grande trabalho, assim como no Grêmio, mas vejo muitos méritos do Felipe neste título — disse Luís Carlos Goiano, volante daquele Grêmio.
Quando Scolari assumiu a vaga deixada pelo ex-pupilo Roger Machado (lateral daquele Tricolor dos anos 90), a equipe paulista ocupava o 6º lugar, oito pontos atrás do então líder Flamengo. Quinze vitórias e seis empates depois, o Palmeiras confirma o título com uma rodada de antecedência.
— Nem o Felipão imaginava isso. Nem a direção, os jogadores ou a torcida. É verossímil porque é o Felipão, que no Grêmio e Palmeiras é uma entidade. Ele fez com que todo o grupo comprasse a ideia dele. Não perdeu o comando como em 2012 — analisou o comentarista Mauro Beting, relembrando o ano em que o Palmeiras foi campeão da Copa do Brasil, mas acabou rebaixado no final do ano) — Agora, ele conseguiu algo inédito, que é liderar usando um time reserva. Ele mesmo não entende, porque é um treinador copeiro, que gosta de mata-mata, e conseguiu um desempenho notável em pontos corridos. É um dos maiores trabalhos, e um dos mais inusitados, da carreira dele — concluiu.
Aos 70 anos de idade, Felipão era tido por muitos como ultrapassado. Mesmo que tenha sido tricampeão chinês recentemente, com o Guangzhou Evergrande, pode-se dizer que o título conquistado com o Palmeiras é a maior resposta do treinador desde os 7 a 1 sofridos com a Seleção Brasileira, na semifinal da Copa do Mundo de 2014.
— Nem todo jovem é bom e moderno, assim como nem todo profissional experiente é ultrapassado. Tentaram rotular ele por causa da Copa do Mundo, mas agora estamos vendo a Alemanha fora da Liga das Nações. Futebol é difícil, a gente tem que ter muito cuidado. Ele não está dando uma resposta, ele apenas está dando continuidade àquilo que ele sabe fazer, que é gerir vestiário e jogar de maneira objetiva. A cada vitória do Palmeiras, eu ligava e dava os parabéns a ele — pondera o preparador físico Paulo Paixão, que acompanhou Felipão no Grêmio, Palmeiras e Seleção Brasileira.
Responsável por dobrar a "turma do amendoim" mais uma vez - como o próprio treinador chamava a torcida das cadeiras sociais do Parque Antártica em 1999 -, Felipão ganha fôlego para iniciar 2019 em busca de novas conquistas. Agora em uma nova casa, no Allianz Parque, Scolari tentará engrossar o já invejável currículo com um tricampeonato de Libertadores ou com um penta da Copa do Brasil. Quem duvida?
- Títulos de Felipão como treinador:
- Seleção Brasileira
1 Copa do Mundo (2002)
1 Copa das Confederações (2013)
- Grêmio
1 Libertadores da América (1995)
1 Recopa Sul-Americana (1996)
1 Campeonato Brasileiro (1996)
1 Copa do Brasil (1994)
3 Campeonatos Gaúchos (1987, 1995 e 1996)
- Palmeiras
1 Libertadores da América (1999)
1 Campeonato Brasileiro (2018)
2 Copas do Brasil (1998 e 2012)
1 Copa Mercosul (1998)
1 Torneio Rio-São Paulo (2000)
- Cruzeiro
1 Copa Sul-Minas (2001)
- Criciúma
1 Copa do Brasil (1991)
1 Campeonato Catarinense (1991)
- CSA
1 Campeonato Alagoano (1981)
- Guangzhou Evergrande, da China
1 Liga dos Campeões da Ásia (2015)
3 Campeonatos Chineses (2015, 2016 e 2017)
1 Copa da China (2016)
2 Supercopas da China (2016 e 2017)
- Bunyodkor, do Uzbequistão
2 Campeonatos do Uzbequistão (2009 e 2010)
1 Copa do Uzbequistão (2010)
- Qadsia, do Qatar
1 Copa do Emirado do Kuwait (1989)
- Seleção do Kuwait
1 Copa do Golfo (1990)