Chegou a vez das escolas de Porto Alegre começarem a retomar as atividades presencias. Nesta segunda-feira (5), contudo, o movimento em instituições de Ensino Infantil foi tímido: das 10 entidades visitadas pela reportagem de GZH durante a manhã e a tarde, somente quatro estavam em funcionamento.
Estavam com os portões reabertos pela manhã a Kinder House, no Rio Branco, e a Balão Azul, na Independência. Durante a tarde, a Escola Infantil Neneca, no bairro Petrópolis, e a Universo Mágico também receberam alunos na Capital. E a Pais e Filhos, no Menino Deus, realiza trabalho de acolhimento com professores e outros funcionários para retomar os trabalhos na quarta-feira (7).
GZH contatou o Movimento das Escolas Privadas de Educação Infantil do Estado, mas a organização não soube informar quantos alunos e escolas retomaram os trabalhos. De acordo com o Sindicato Intermunicipal dos Estabelecimentos de Educação Infantil do Estado do Rio Grande do Sul (Sindicreche-RS), "cada escola tem uma organização diferente, e falar de números ainda é muito cedo".
Conforme a Secretaria Municipal de Educação (Smed) de Porto Alegre, 156 instituições abriram as portas nesta segunda, atendendo um total de 1.769 alunos.
Valéria Cruxen Bisso, diretora da Escola Kinder House, conta que o local estava desde junho se preparando para a retomada:
— Estávamos sempre em contato com funcionários e com os pais para não perdermos o vínculo, realizamos vídeo-chamadas com responsáveis e funcionários para falar sobre as regras. Para os pais, ainda, enviamos cartilhas sobre os protocolos de segurança. Confesso que estava ansiosa pelo retorno, pela volta dos pequenos. Mas tivemos que nos preparar para este momento. Estamos com um protocolo que abrange diversas pontas.
Antes de entrarem no ambiente de aprendizagem, os pequenos têm a temperatura aferida, sapatos e mochilas higienizados e só então acessam as salas de aula. No chão, há ainda a indicação de onde as crianças e a caminhas deveriam ficar posicionadas, respeitando, assim, o distanciamento 1,5 metro. No refeitório entra uma turma por vez e, no máximo, três crianças, distantes umas das outras, ocupam a mesa ao mesmo tempo.
Além disso, os funcionários estão sempre de máscara e vestem a proteção facial de acrílico para lidar com as crianças. Eles também vestem uma espécie de avental lavável e proteção nos calçados, diz Valéria.
— A chegada dos funcionários e professores é feita pela lateral. Lá eles têm a temperatura medida e, então, vão para o vestiário trocar de roupa, vestir os equipamentos de proteção individual (EPIs) e se higienizam — conta a diretora da Kinder House, que apontou para a reportagem os diversos borrifadores de álcool 70% e água e sabão que estão espalhados pela creche.
A creche Balão Azul também reabriu suas três unidades manhã desta segunda-feira. A reportagem visitou a unidade que fica na Castro Alves, no bairro Independência. Morgana Luchese, responsável pela rede, espera receber 20 alunos ao longo do dia, mas somente três estavam em sala de aula. Dois, de cinco anos, e o outro era um bebê de colo.
Os maiores sentaram lado a lado para realizarem as tarefas. Morgana afirma que opta pelo não total distanciamento entre crianças da mesma turma, porque isso atrapalharia o desenvolvimento dos alunos:
— Estamos trabalhando com o escalonamento de turmas para usar a pracinha e termos tempo de limpar essas áreas entre uma turma e outra. A educação infantil precisa de interação e de contato. Isso é importante para o desenvolvimento social deles. Cada turma é como se fosse uma família. Crianças da turma A não interagem com a da turma B, mas não probimos a socialização dos pequenos de cada turminha entre eles mesmos.
Ao chegar na escola Balão Azul, pais e crianças passam pelo tapete sanitizante. Antes de entrar no prédio, as crianças têm a temperatura aferida por funcionários da escola e, ainda do lado de fora, os pequenos trocam de sapatos para, só então, acessarem o ambiente de aprendizagem.
— Pedimos ainda que as crianças parem de usar mochila de rodinhas, já que elas encostam no chão. A alimentação das crianças passou a ser feita dentro da sala de aula e os professores e funcionários usam o refeitório, mas um de cada vez. Além disso, organizamos um sistema de controle de troca da máscara. A cada duas horas eles precisam mudar de máscara. Estabelecemos que três cores de EPIs, todos precisam estar sempre com a mesma cor de máscara. Se um não estiver, é porque não realizou a mudança ou esqueceu. Foi nosso método de efetivar esse controle.
Por fim, aqueles que realizam a troca de fraldas dos pequenos ganharam um avental de material lavável e os funcionários da limpeza trocam, dentro da instituição, seu uniforme de trabalho.
Durante a tarde, a Escola de Educação Infantil Universo Mágico recebeu cerca de 45 alunos. A expectativa é de que na semana que vem voltem 60, porque já vai estar em vigor o turno integral na instituição.
— Em setembro, fizemos treinamento com toda nossa equipe professores e comunicamos os pais o modo como tudo seria feito aqui na escola. Em um dia da semana passada, fizemos o treinamento presencial com a nossa equipe e também a visita dos nossos estudantes nas instalações para que eles conhecessem a rotina de entrada deles durante esse período de pandemia. A visita durou duas horas e mostramos como seria a limpeza dos sapatos, a medição de temperatura entre outros — explica Sandra Wiebbelling, diretora da escola.
Também foi dia de volta às aulas na Escola de Educação Infantil Neneca, no bairro Petrópolis. Conforme a proprietária da escola, Alessandra Uflacker, a volta à atividades presenciais foi muito tranquila e trouxe muita alegria para alunos e também funcionários, o que, explica Alessandra, se pode perceber na espontaneidade das crianças e na fala dos pais.
— Todos os nossos profissionais precisaram passar por treinamento para retornar às suas atividades. Nossos ambientes estão ainda mais arejados e os espaços ao ar livre sendo melhor aproveitados. O dia foi muito melhor que o esperado! As crianças nem queriam ir embora — comemora ela.
O pequeno Caio, 4 anos, foi uma das crianças que voltaram a frequentar o ambiente de ensino nesta segunda. A mãe dele, Priscila dos Santos Gonçalves, explica que tinha muito receio da continuidade das aulas no início da pandemia e planejava que ele só voltasse no início do ano que vem ou com a chegada de uma vacina, mas mudou de ideia ao identificar que a rotina em casa não estava sendo a melhor possível para ele.
— Enquanto ele estiver em casa, não vai estar sendo tão bom para ele: a gente não consegue ficar 100% focado. Quando veio a decisão da prefeitura, então, optei por que ele retornasse, seguindo todas as medidas de segurança. Assim, não vejo risco em se retomar as atividades, com todos os protocolos — explica Priscila.
Também Anna Lucia, 3 anos, esteve de volta à Escola de Educação Infantil Neneca. A mãe, Luciane da Silva Dias, explica que não só a filha estava ansiosa pelo retorno, pedindo todos os dias pra voltar para a escola: também Luciane se disse apreensiva, mas otimista com a volta às aulas na educação infantil em Porto Alegre.