A primeira manhã com permissão para atividades presenciais em escolas municipais de Porto Alegre teve mais trabalhadores do que alunos em salas de aula. Com reforma nos espaços e diretorias reunidas para analisar os protocolos exigidos pela prefeitura, a volta dos estudantes ficará para os próximos dias em mais da metade dos bancos escolares.
Conforme a Secretaria Municipal de Educação (Smed), 156 instituições de ensino abriram as portas nesta segunda-feira (5), recebendo um total de 1.769 alunos.
— Estimo que a rede comunitária tenha voltado com mais força. Já nas escolas municipais, era esperado uma volta menor — disse o secretário municipal da Educação, Adriano Naves de Brito, que reforça a necessidade de justificativa por parte de quem não retornou ao trabalho.
Porto Alegre conta com 289 escolas públicas enquadradas nas modalidades autorizadas a regressar — pelo cronograma divulgado pela prefeitura, o retorno começa por Educação Infantil, terceiro ano do Ensino Médio, educação profissional e educação de jovens e adultos (EJA). Deste total, 207 são instituições comunitárias — da rede privada, com vagas compradas pelo Executivo e ofertadas gratuitamente à população. Há ainda 17 locais apenas com Ensino Fundamental, que tem volta prevista para acontecer em 19 de outubro.
No bairro Vila Nova, na Zona Sul, a direção da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Campos do Cristal se reuniu para avaliar as adaptações necessárias. Uma reforma elétrica está em fase final de execução, segundo a coordenação, e os espaços passam por medição para enquadramento do número máximo de alunos: 15, nas turmas infantis. Atualmente, há 65 estudantes entre quatro e seis anos, distribuídos em três turmas, o que exigirá a divisão dos grupos em mais ambientes, para não ultrapassar a capacidade.
Já a Escola Municipal de Ensino Médio (Emem) Emílio Meyer, na Medianeira, teve dispenser de álcool gel instalado logo na entrada do prédio. As escadas foram higienizadas, e os funcionários que prestavam informações estavam todos devidamente equipados, com escudos faciais ou máscaras, outra exigência do decreto publicado na última quinta-feira (1º).
As sete escolas comunitárias mantidas pela rede Calábria abriram as portas nesta manhã, ainda com poucas crianças. A escolinha Tia Beth, na Bom Jesus, formou três pequenas turmas, com nove alunos ao todo — menos de 20% dos 57 matriculados. Apesar de não recomendada para a faixa etária dos três aos seis anos, todos usavam máscaras.
— Foi um pedido dos pais, então respeitamos — justifica a coordenadora-geral da rede Calábria, Karine Santos.
A escola contou com uma funcionária aferindo a temperatura de todos que ingressaram no pátio e ofereceu álcool gel no portão de acesso. Marcações no piso foram vistas, com os dizeres "Todos contra o coronavírus. Mantenha distância. Espere aqui". Pela experiência da professora Patrícia Fortes, 21 anos, o aviso sequer foi necessário.
— Eles chegaram sabendo tudo. Eu cheguei perto, e uma aluna disse: "Profe, um metro de distância" — contou, sorridente, a educadora.
Professores contratados emergencialmente
Desde a definição da volta às aulas na Capital, um formulário passou a ser obrigatório. Preenchido e enviado em um link da Secretaria Municipal da Educação (Smed), o informe atualizará o Executivo sobre a necessidade de reposição de servidores.
O setor de recursos humanos trabalha atualmente com o número aproximado de 10% de afastamento do quadro total. São trabalhadores que integram o grupo de risco. Cerca de 300 professores estão em fase final de contratação, afirma o secretário Naves de Brito. Esse número, contudo, poderá subir.
— Com o relatório que será analisado, vamos atualizar a necessidade de reposição — informou.