O ano letivo está na reta final e é a hora de muitas famílias definirem onde seus filhos estudarão em 2025. A escolha pode ser complexa, porque, segundo especialistas, precisa levar em consideração aspectos como preço, localização, metodologia e estrutura.
É importante que o olhar não se restrinja meramente à estrutura física, conforme a assessora pedagógica do Sindicato do Ensino Privado do RS (Sinepe/RS), Naime Pigatto, e que abranja a qualificação dos professores e do trabalho desenvolvido em sala de aula. Em um segundo momento, entram em cena aspectos como valores de mensalidade e localização.
Projeto pedagógico
Um dos primeiros passos para quem pensa em ingressar em uma escola sobre a qual ainda tem poucas informações é agendar uma entrevista com a instituição, na qual será possível conhecer o ambiente e o projeto pedagógico oferecidos.
— No projeto pedagógico, a escola coloca os seus valores, objetivos, a metodologia que utiliza, a forma de avaliação com a qual trabalha. Observar esses tópicos é essencial para entender a dinâmica geral, e também é preciso levar em conta o perfil da criança ou do jovem que aquela família tem — ressalta a assessora pedagógica.
Carla Silveira, professora das Faculdades Integradas de Taquara/RS (Faccat) e doutora em Educação, afirma que quanto mais ativa e participativa for a metodologia da escola, com mais qualidade ocorrerá a aprendizagem:
— Pensar em metodologias ativas, de ter essa parte autoral dos estudantes, de trabalhar com projetos científicos, por exemplo. São metodologias com situações problemas que precisam aparecer no projeto político-pedagógico das instituições.
Observar os processos avaliativos também é fundamental: a docente defende que sejam priorizadas avaliações processuais e contínuas, que não foquem só na prova.
Se for um aluno muito inquieto, no entanto, uma escola com um trabalho mais sistemático e individualizado pode ser mais interessante para ajudar no fortalecimento da concentração, na opinião da assessora do Sinepe.
Naime alerta que a família também precisará entender a dinâmica proposta por aquela instituição e saber lidar com ela. Há estabelecimentos, por exemplo, que não realizam mais celebrações de Dia dos Pais e Dia das Mães, mas, sim, de Dia da Família. Algumas escolas trabalham com horários diferenciados, o que também influencia no planejamento parental.
Dentro desse projeto político-pedagógico, Carla aponta para a importância de que haja uma formação continuada junto aos professores, para que eles se preparem para oferecer metodologias ativas. É interessante, por exemplo, que haja um horário semanal instituído para o planejamento docente.
Estrutura
Carla recomenda que, na visita que os pais fazem antes de matricular seus filhos, sejam analisadas as estruturas e ambientes da instituição.
— Ver como é a disposição das salas, se tem cantinho da leitura, biblioteca, se a sala possui microambientes dentro dela que estimulem as diferentes linguagens e trabalhos a serem desenvolvidos, se tem pátio em que as crianças possam aprender para além das quatro paredes, faz com que os pais tenham um olhar do todo e valorizem os outros ambientes da escola enquanto potentes também para a aprendizagem — define a professora da Faccat.
Mensalidade
Especialmente em cidades maiores, como Porto Alegre, o leque de possibilidades de instituições privadas envolve grande diversidade de valores de mensalidade e de demandas de outros gastos, como materiais escolares e passeios, por exemplo.
— Sempre dizemos que o ideal é não ultrapassar em torno de 20% do orçamento gasto com a escola. No entanto, isso depende também do olhar da família: há aquelas que compram celulares caríssimos para os filhos, vão aos melhores restaurantes, mas reclamam se precisam investir dinheiro em um passeio ou uma visita de estudos. É importante ter uma certa reserva para essas situações — recomenda Naime.
Localização
O planejamento dos deslocamentos necessários para o estudante frequentar aquela instituição é um fator fundamental na escolha. A assessora pedagógica recomenda que os pais façam, por exemplo, o trajeto ao meio-dia durante esse período de escolha, para entender como é o fluxo de carros da região. Outro ponto a verificar é a existência de restaurantes próximos, o que pode trazer agilidade em casos de rotinas aceleradas.
— Um trânsito muito intenso, com deslocamento difícil, tem que ser levado em conta, assim como o entorno da escola: é interessante passar de vez em quando para olhar como é o ambiente daquela rua, como é o agito entre os estudantes, os bate-papos que existem. Tudo isso ajuda a família a desenvolver um olhar sobre a cultura daquela escola — indica Naime.
Segurança
A preocupação com a segurança dos filhos na escola tem se tornado cada vez mais latente entre os pais, diante de casos de ataques a instituições e do registro de conflitos entre os próprios colegas. Ambos os aspectos podem ser conferidos pela família durante a visita ao estabelecimento.
— Muitas escolas têm investido muito em segurança, seja com o uso de catracas ou até de detectores de metal. Também há um investimento grande em programas de prevenção ao bullying, com formação de professores para identificarem os casos. Cabe aos pais perguntarem quais os programas e projetos nesse sentido — destaca a assessora pedagógica.
Ensino Médio
Especificamente em relação à etapa do Ensino Médio, as escolas privadas têm investido, nos últimos anos, na criação de itinerários formativos que criam uma flexibilidade no currículo dos estudantes. Via de regra, há pelo menos duas possibilidades de percursos que eles podem escolher: um mais voltado para exatas e outro para humanas. A depender da decisão do aluno, ele terá uma carga horária maior em uma área ou em outra.
— A família precisa perguntar, na escola que ela tem interesse, qual trilha de aprofundamento o colégio oferece. É na área das linguagens? De matemática? De ciências humanas? É uma trilha mista, de linguagens e ciências da natureza? — exemplifica Naime.