Foi colorindo o muro do Instituto Estadual de Educação Barão de Tramandaí, em Tramandaí, no Litoral Norte, que estudantes finalizaram um curso completo de grafite, oferecido pelo projeto Fábrica de Graffiti, na manhã desta sexta-feira (18).
Cerca de 200 adolescentes, com idades entre 12 e 17 anos, da Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora Aparecida e do Instituto Estadual de Educação Barão de Tramandaí, participaram de oito encontros com profissionais da arte do grafite. Durante as oficinas foram abordados temas como introdução e desenho para grafite, pintura artística de tela, grafite em grandes escalas, pintura artística de tela, produção de mural e oficina de hip hop.
Além de desenvolver habilidades artísticas, o curso também abordou com os alunos o valor e o contexto social em que o grafite está inserido.
— Nosso objetivo é trabalhar junto aos alunos habilidades sociais, técnicas de desenho e pintura e ensinar a história da cultura hip hop, falando sobre culturas urbanas e suas diversas linguagens, como a música e a dança, com especial destaque para o grafite e suas principais técnicas — explica Paula Mesquita Lage, fundadora e produtora-executiva da Fábrica de Graffiti.
Filho de pai grafiteiro, Victor Alves Pedroso, 16 anos, considera que a cultura street art sempre esteve em sua vida. Ele considera o projeto um ponto importante para a própria carreira. Afinal, foi a primeira vez que ele pode colocar a sua arte na própria escola onde estuda.
— Nunca esperei estar num projeto onde a gente pudesse se expressar no muro da escola. É quase uma utopia poder falar sobre isso com a diretora e os professores. Já estamos vendo outros locais da escola para trabalharmos. É maravilhoso! — comemora.
Incentivada pelo amigo Victor, Sabrina Farias da Rosa, 16 anos, mesmo admitindo não entender sobre arte, decidiu participar das oficinas e acabou descobrindo no grafite "um lugar seguro para se expressar":
— Descobri que sou boa desenhando. Antes, fazia mais por obrigação (na aula). Agora, percebi que é uma maneira de se expressar e de se comunicar. É um universo novo a ser explorado. Daqui para frente, espero me aprofundar nos meus desenhos e levar o grafite para a vida.
Esta foi a primeira vez que o projeto, cuja intenção é humanizar espaços industriais por meio da valorização da cultura street art e capacitar novos artistas, veio ao sul do Brasil. A ação é realizada sempre com patrocinadores. Em Tramandaí, além de produzirem arte nas duas escolas envolvidas, os participantes pintaram uma tela 20 x 20 cm, cada um, para a exposição de encerramento do curso, no próximo dia 22, quando ocorrerá uma exposição das artes criadas pelos alunos em local a ser divulgado.
— Nosso curso costuma significar a primeira conexão de um jovem com a arte e a primeira oportunidade de estudar a fundo o assunto. Vamos mostrá-los que é possível se profissionalizar no campo artístico — comenta Paula.
Os projetos da Fábrica de Graffiti são realizados por meio da Leis de Incentivo à Cultura e para clientes particulares. O projeto é responsável pela pintura dos maiores murais de grafite de Minas Gerais e Bahia e do maior da América Latina, no Rio de Janeiro. Todos os projetos desenvolvidos levam em consideração os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), praticando igualdade de gênero, sustentabilidade e promovendo geração de renda para artistas locais.