Estudantes do Ensino Médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense, campus Camaquã (IFSul-Camaquã), se qualificaram para participar da feira científica Expo-Sciences International 2019, que ocorre em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, na Ásia, de 24 a 26 de setembro deste ano.
No entanto, frente à falta de recursos da escola, agravada com os cortes recentes na área de educação, não há como pagar a viagem. Então, o grupo fez uma vaquinha online para custear os valores necessários.
O objetivo da ação é arrecadar R$ 25 mil para pagar passagens, estadia, transporte e taxas de inscrições. Até a sexta-feira passada, haviam sido arrecadados R$ 2,2 mil. A comitiva do IFSul-Camaquã que viajará até os EAU é formada pelos alunos Bruna Corvello Stifft, 19 anos, Felipe Wachholtz Bartz, 18 anos, Gabriela Altmayer Blanco, 18 anos, e pela psicóloga do campus, Manoela Wendler Fernandes, 35 anos.
Projeto aborda emoções
Em 2017, Manoela, que presta atendimento aos estudantes, estava preocupada com a incidência de sofrimento psíquico no campus. Provocada por um grupo de alunos que atendia, deu os primeiros passos do projeto Tabus. Em conjunto com Bruna, Felipe, Gabriela e outros alunos, foram definidos dois métodos de abordagem.
O primeiro consiste em grupos de conversas, trocas de experiências e reflexão sobre questões que causam sofrimento. O segundo, intervenções artísticas e informativas que auxiliem os cerca de 500 alunos da instituição a lidar com estes problemas. A adesão dos estudantes foi rápida.
— Eles se reúnem a cada dois meses. Abordam assuntos como empatia, amor-próprio, saúde mental e depressão. Falam sobre emoções e sentimentos. Usamos os depoimentos para refletir com o grupo. É mágico — conta Manoela, que registrou melhora no aproveitamento na escola e no desenvolvimento pessoal dos alunos que participaram do Tabus.
— Era motivador ver o quanto funcionava, o quanto queriam mais. O pessoal se sentia tão à vontade que até chorava. O projeto era um local confortável para as pessoas exporem seus medos, suas angústias. Foi transformador — conta Felipe.
— Foi uma das principais coisas que me motivou a ficar no IFSul-Camaquã e a tentar superar minhas dificuldades — afirma Gabriela Altmayer Blanco sobre sua participação no projeto.
Tabus concorreu a prêmio com 22 países
Com resultados, os integrantes do Tabus levantaram dados e formalizaram um trabalho científico que foi apresentado na edição de 2018 da Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec). Concorrendo com 22 países, o projeto conquistou a primeira colocação na categoria Ciências Sociais, Comportamento e Arte e foi credenciado para participar da feira em Abu Dhabi. Outras premiações regionais também foram conquistadas.
— É um misto de sentimentos, sabe? O Tabus me fez conhecer um mundo totalmente diferente do que eu vivia. Antes de 2017, eu estava voltada para o esporte, mas esquecia de como era cuidar da saúde mental — relata Bruna Corvello Stifft, que considera inesperadas as premiações que o grupo conquistou.