Catorze ex-executivos das Americanas são alvo da operação Disclosure, deflagrada nesta quinta-feira (27) pela Polícia Federal (PF), que investiga fraudes de R$ 25 bilhões nos resultados financeiros da empresa.
Os investigados
Foragidos
*Anna Christina Ramos Saicali
*Miguel Gomes Pereira Sarmiento Gutierrez, ex-CEO
*Miguel e Anna Christina, que estão no Exterior, serão incluídos na Difusão Vermelha da Interpol, a lista dos mais procurados do mundo.
Alvo de buscas
Anna Christina da Silva Sotero
Carlos Eduardo Rosalba Padilha
Fabien Pereira Picavet
Fábio da Silva Abrate
Jean Pierre Lessa e Santos Ferreira
João Guerra Duarte Neto
José Timotheo de Barros
Luiz Augusto Saraiva Henriques
Marcio Cruz Meirelles
Maria Christina Ferreira do Nascimento
Murilo dos Santos Correa
Raoni Lapagesse Franco Fabiano
Como funcionava a fraude, segundo a PF
Os resultados financeiros do grupo eram alterados com o objetivo de demonstrar um falso aumento no caixa, o que, como consequência, valorizaria artificialmente as ações das Americanas na bolsa de valores. Com os números alterados, os executivos recebiam bônus milionários por desempenho e obtiam lucros ao vender as ações infladas no mercado financeiro. As informações são do g1.
Operação da PF
Em janeiro de 2023 a Americanas entrou com pedido de recuperação judicial em caráter de urgência, com uma divida de cerca de R$ 43 bilhões e com 16,3 mil credores. Em novembro, a empresa alegou ser “vítima” de fraude de R$ 25 bi e prejuízo de R$ 12,6 bi. Em fevereiro deste ano, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) homologou o plano de recuperação judicial do grupo.
Em maio de 2023, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instaurada na Câmara dos Deputados. O relatório final, do deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), foi aprovado em setembro. Apesar de o "conjunto probatório, de fato, converger para o possível envolvimento de pessoas que integravam o corpo diretivo da companhia", ninguém foi indiciado.
As investigações, que contaram com a colaboração da atual diretoria do grupo Americanas, também tiveram a participação do Ministério Público Federal (MPF) e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
De acordo com a PF, os alvos da operação praticaram fraudes contábeis relacionadas a operações de risco sacado, que consiste numa operação na qual a varejista consegue antecipar o pagamento a fornecedores por meio de empréstimo junto aos bancos.
“Também foram identificadas fraudes envolvendo contratos de verba de propaganda cooperada (VPC), que consistem em incentivos comerciais que geralmente são utilizados no setor, mas no presente caso eram contabilizadas VPCs que nunca existiram”, informou a PF, por meio de nota, divulgada no início da manhã.
Também por meio de nota, o grupo Americanas informou que reitera sua confiança nas autoridades que investigam o caso "e reforça que foi vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria". De acordo com a empresa os ex-diretores manipularam, de forma intencional, os controles internos existentes. (leia nota na íntegra).
O que diz a Americanas
"A Americanas reitera sua confiança nas autoridades que investigam o caso e reforça que foi vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes. A Americanas acredita na Justiça e aguarda a conclusão das investigações para responsabilizar judicialmente todos os envolvidos".
Defesa de ex-diretor
A defesa do ex-diretor da Americanas José Timotheo Barros disse que considera "desnecessária" a operação de busca e apreensão. Segundo a defesa, desde o início das apurações, documentos, informações econômicas e dados telemáticos foram colocados à disposição para a apuração do caso. "De toda forma, o fato de hoje é importante para que seja concedido pela Justiça o reiterado pedido de acesso às delações premiadas", escreveu a defesa.