A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, publicada nesta terça-feira (27), sinaliza que, de acordo com a maioria dos integrantes do comitê, "foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião".
Por outro lado, outros integrantes, mais cautelosos, reforçaram que a estratégia de manutenção da taxa Selic tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação. Sobre os passos futuros de política monetária, o Copom voltou a listar que dependem de cinco fatores.
São eles: a evolução da dinâmica inflacionária, sobretudo de itens mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, das projeções de inflação do comitê, do hiato do produto e do balanço de riscos.
Na semana passada, o BC manteve a Selic em 13,75% ao ano pela sétima reunião do Copom seguida - ou mais de nove meses. Na ata, o colegiado repetiu que a decisão é "compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024", argumentando ainda que também implica na suavização do ciclo econômico.
"A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação desancoradas, segue demandando cautela e parcimônia", afirmou o BC na ata, assim como no comunicado.
"O Copom conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas e avalia que a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação", completou, repetindo que irá perseverar até que se consolide a desinflação e a reancoragem de expectativas.
Inflação
De acordo com o documento, a projeção para o IPCA de 2024, ano em que o Banco Central trabalha para alcançar a convergência da inflação para a meta, está em 3,4% no cenário de referência. Para 2023, a projeção para o IPCA está em 5%.
Todas as estimativas já constavam no comunicado da semana passada, quando o Copom manteve a Selic (a taxa básica de juros) em 13,75% ao ano pela sétima vez seguida. Na reunião anterior, em maio, as estimativas oficiais eram de 5,8% e 3,6% para 2023 e 2024, nessa ordem.
Apesar da queda forte, a projeção do BC para o IPCA de 2023 ainda está acima do limite de tolerância da meta, de 4,75%, indicando três anos consecutivos de descumprimento do BC de seu mandato principal, após 2021 e 2022. Para 2024, a projeção do BC se aproximou do centro da meta, de 3,0%.
O cenário de referência pressupõe a taxa de juros variando de acordo com a pesquisa Focus e o câmbio partindo de R$ 4,85 e evoluindo conforme a Paridade do Poder de Compra (PPC). Além disso, a premissa é de que o barril de petróleo segue aproximadamente a curva futura de mercado pelos próximos seis meses e sobe a 2% ao ano na sequência. O BC ainda considera a hipótese de bandeira tarifária "verde" na conta de luz para o fim de 2023 e 2024.
No comunicado e na ata, o Copom afirma que conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas. "A estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação."
O comitê ainda indicou que os passos futuros da política monetária dependerão de cinco fatores. São eles a "evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos".
Administrados
Em relação aos preços administrados, a ata repetiu as projeções já informadas no comunicado de 9,0% para 2023 e 4,6% para 2024, ambas mais baixas que as estimativas informadas em maio, de 10,8% e 5,2%, respectivamente.