De acordo com o boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (26) pelo Banco Central, a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto – PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país – aumentou de 2,14% para 2,18%, entre a semana passada e esta.
Há quatro semanas, a previsão era de crescimento de 1,26%. O resultado mantém uma sequência de sete semanas de alta nas expectativas. O boletim Focus apresenta semanalmente as projeções para os principais indicadores econômicos do país.
Para o ano de 2024, a expectativa é de crescimento de 1,22% do PIB. Há uma semana, o mercado previa crescimento de 1,2%. Para os anos subsequentes (2025 e 2026), o mercado projeta altas de 1,83% e de 1,92%, respectivamente.
Inflação
O mercado está mais otimista também com relação à inflação oficial do país, com queda nos índices esperados para 2023 e 2024. Para o ano corrente, as projeções do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu de 5,12% (estimativa divulgada na semana passada) para 5,06%, conforme divulgado no boletim desta semana.
Apesar de as expectativas estarem melhores do que as divulgadas há uma semana, as projeções ainda estão acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é 3,25% para 2023, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o superior 4,75%.
A expectativa de inflação para 2024 caiu de 4% para 3,98%, entre a semana passada e esta semana; e se manteve estável (3,8%) em 2025. Para 2026, espera-se uma inflação de 3,72%.
Juros e câmbio
Com relação à taxa básica de juros (Selic), principal instrumento do BC para alcançar a meta de inflação, a expectativa do mercado financeiro se mantém estável, em 12,25% para 2023; em 9,5% para 2024; e em 9% e 8,75% para 2025 e 2026, respectivamente.
Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano, conforme definido pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A taxa está nesse nível desde agosto de 2022, e é a maior desde janeiro de 2017, quando também estava nesse patamar. O colegiado não sinalizou claramente no comunicado a possibilidade de iniciar o ciclo de redução na Selic na próxima reunião, contrariando expectativas do governo e do mercado.
O Copom manteve o balanço para inflação neutro e destacou que "a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação". O comitê ainda argumentou que, na conjuntura atual, o processo desinflacionário tente a ser mais lento e que "por expectativas de inflação desancoradas, segue demandando cautela e parcimônia."
A decisão gerou reações no governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Roma, criticou a decisão, dizendo que o nível da Selic era "irracional" e que a direção do BC jogava contra os interesses do país. Em Paris, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a decisão do Copom era um "descompasso" e que o comunicado foi "muito ruim."
A previsão do mercado para a cotação do dólar se manteve estável na comparação com a semana passada – em R$ 5 para o final de 2023; e em R$ 5,10 para 2024.