O dólar, dinheiro utilizado de forma oficial nos Estados Unidos, El Salvador e Panamá, é considerado a moeda "mais forte" e usada como referência para a economia mundial. Sua cotação, ou seja, seu preço ou valor com relação às outras moedas, influencia diretamente em grandes transações econômicas, como exportações e importações, assim como no valor das ações das empresas na bolsa de valores.
A cotação do dólar sofre variações diariamente, desde as menores até as mais significativas, e é comum ouvir nos noticiários ao redor do mundo relatos sobre a alta ou baixa da moeda. Em períodos de maior oscilação, é comum que os investidores tenham receio de atuar no mercado de câmbio, por exemplo.
O preço do dólar decorre do regime cambial de cada país — conjunto de regras e acordos governamentais, também conhecidos como sistemas cambiais, que determinam as transações financeiras entre os países e os blocos econômicos.
Influência na cotação do dólar
A alta ou baixa do dólar pode ocorrer por diferentes motivos. Confira os principais:
- Ações de empresas, governos e investidores
- Crises econômicas, sanitárias, sociais e políticas
- Maior ou menor circulação do dólar (lei da oferta e procura)
- Queda de juros
- Queda do preço das commodiities (produtos usados como matéria-prima, com alta capacidade de estocagem, como, por exemplo, alumínio, café, petróleo e soja)
- Procura desenfreada pela moeda para proteção do capital dos investidores
Impactos da alta e da queda do dólar
Quando ocorre a elevação do dólar, as empresas produtoras e exportadoras de commodities são as principais beneficiadas. São exemplos os negócios do setor elétrico, petrolífero e siderúrgico.
A alta da moeda americana em relação ao real pode estimular as exportações no Brasil e fazer com que os produtos brasileiros fiquem mais valorizados no Exterior.
— O produto brasileiro fica atrativo para quem compra em dólar lá fora, enquanto quem vende embolsa o pagamento em uma moeda forte, que pode ser trocada por muitos reais — explica Giane Guerra, jornalista e colunista de GZH.
O agronegócio também costuma aproveitar a alta do dólar para exportar seus produtos. Com isso, o Brasil, considerado o celeiro do mundo, por ter grande potencial de produção agrícola, se torna um dos principais beneficiados. Segundo um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o país teria sozinho a capacidade de alimentar 800 milhões de pessoas por ano, utilizando apenas 7% de seu território para a lavoura.
Com relação ao Rio Grande do Sul, durante um período de elevação do dólar, o Estado consegue obter lucro com as exportações de produtos como carnes, trigo e soja.
— Importante lembrar que muitos exportadores também são importadores. Ou seja, compram insumos, de fertilizantes a chips, pagando mais caro por eles quando o dólar sobe — analisa Giane Guerra.
Quando o quadro é de baixa do dólar em relação ao real, o setor da exportação sofre prejuízos, já que os lucros advindos dos produtos exportados diminuem significativamente. Por outro lado, as empresas que importam, lucram. No Brasil, por exemplo, elas precisariam utilizar menos reais para pagar as mercadorias em dólar.
— O ideal é um equilíbrio e pouca oscilação da moeda, para que seja mais previsível formar o preço da compra e da venda — afirma a jornalista.
Como é definido o valor do dólar em relação ao real?
Existem duas formas de estabelecer o valor do dólar em relação às outras moedas:
- Câmbio fixo: é determinado quando o governo estabelece um preço específico para a moeda e os bancos realizam movimentações para mantê-lo no patamar estabelecido
- Câmbio flutuante: é determinado pelo mercado por meio de ações de compra e venda da moeda
No caso do Brasil, o país vive sob o regime do câmbio flutuante. Desse modo, o preço do dólar é determinado pela oferta e demanda do mercado, com os agentes financeiros — bancos e corretoras — atuando no processo de compra e venda da moeda estrangeira e, consequentemente, regulando o seu valor.
Qual a diferença entre dólar comercial e dólar turismo?
Existem dois tipos de dólar:
- Dólar comercial: utilizado pelos governos e grandes empresas em transações econômicas — importação e exportação. Nesse caso, não há necessariamente a presença do dinheiro físico. A cotação desse tipo de moeda é definida pelo mercado conforme as negociações de oferta e demanda realizadas ao longo do dia.
- Dólar turismo: pode ser comprado em casas de câmbio por pessoas físicas que viajarão para o Exterior. Também é utilizado para a compra de produtos e pagamento de serviços em estabelecimentos internacionais.
O preço do dólar turismo se diferencia do dólar comercial porque na cotação do primeiro tipo há cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), determinado pelo governo, além dos custos logísticos, operacionais e de lucros das casas cambiais.
Se, por exemplo, um brasileiro deseja viajar para um país cuja moeda oficial é o dólar, ele poderá trocar o real pela moeda estrangeira. Nesse caso, utiliza-se o valor do dólar turismo, e não do dólar comercial.
Produção: Filipe Pimentel