Além de modificar com frequência a si mesmo, o coronavírus provocou mutações na forma como os brasileiros trabalham e consomem, em uma revolução que alterou o DNA de muitas empresas. Entre as mudanças iniciadas ainda no ano anterior que se intensificaram ou consolidaram em 2021 se destaca a compra de bens e serviços online — ferramenta estimulada pela necessidade de distanciamento social.
O chamado e-commerce bateu recorde de vendas no primeiro semestre e atingiu a cifra de R$ 53,4 bilhões movimentados, em um crescimento de 31% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse desempenho foi alcançado porque os brasileiros passaram não só a gastar um valor maior por compra, mas também elevaram o número de transações realizadas via internet. O número de pedidos aumentou 7% e superou o patamar de 100 milhões de encomendas, conforme a pesquisa da Ebit-Nielsen.
O consumo à distância, em razão da praticidade de escolher os produtos ou serviços na palma da mão, caiu de vez no gosto da população: mais da metade dessa demanda foi encaminhada por meio de um telefone celular.
A distância não marcou apenas as relações de consumo, mas também de trabalho. A diferença em relação a 2020 é que, se no ano anterior o teletrabalho avançou de forma inédita em razão dos riscos crescentes provocados pela pandemia, em 2021 houve empresas que mantiveram o modelo anterior e outras que preferiram avançar para um sistema híbrido — misturando atividades presenciais e remotas conforme a estratégia de cada uma.
Essa nova tendência é tão forte que começou a tramitar no Senado um projeto de lei destinado a regulamentar o regime híbrido de trabalho. Apresentado pela senadora Maria Eliza (MDB-RO), o texto determina que a modalidade de jornada deve constar no contrato de trabalho, e o empregador deve controlar as horas trabalhadas e o tempo de repouso nos períodos em que o colaborador estiver fora das dependências da empresa.
— Tendo em vista a falta de legislação e a escassa jurisprudência consolidada sobre o tema, é que se apresenta o presente projeto de lei que busca regulamentar as peculiaridades dessa modalidade de trabalho — afirmou a senadora à Agência Senado.
A medida estabelece ainda que, caso o funcionário não tenha equipamentos ou condições para atuar de forma híbrida, o empregador poderá fornecer os equipamentos necessários além de pagar por serviços de internet. O pagamento desses custos não deve ser enquadrado como salário.
As transformações no mundo dos negócios e do trabalho provocadas pela covid também incluem o turismo — a pandemia estimulou as viagens locais tanto por razões de custo quanto de segurança sanitária. Outras alterações envolvem a comprovação de condições de saúde, como certidão de vacinação e exame de PCR, além de eventuais exigências de quarentena. A União Europeia, por exemplo, discute uma forma de unificar os procedimentos solicitados aos viajantes para evitar a fragmentação das medidas impostas a quem quer cruzar as fronteiras em tempos de pandemia.
Os artigos mais comprados online, segundo levantamento da Neotrust entre março de 2020 e 2021
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