A perspectiva de novos empreendimentos e a conclusão de investimentos de grande monta no porto de Rio Grande — como a expansão da Yara Fertilizantes, em fase final — animam representantes de entidades setoriais. A avaliação é de que os projetos de R$ 9 bilhões apresentados ao governador Eduardo Leite, nesta quinta-feira (22), em visita ao terminal portuário, representam um sopro de otimismo para a recuperação da economia.
Só no caso da Yara, gigante norueguesa com 25% de participação no mercado de adubos do país, a ampliação das instalações — anunciada em 2016 e prestes a ser concluída — soma aporte de R$ 2 bilhões. Para o presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura (Câmara Log), Paulo Menzel, o avanço da companhia no Estado é um sinal positivo.
— Quantas empresas já vimos indo embora daqui, por insegurança jurídica e regulatória e mesmo por questões de logística? A Yara está apostando no Rio Grande do Sul e isso, sem dúvida, é uma boa notícia, independentemente de governo A ou B. É um sinal de que os investidores acreditam no potencial do Estado — ressalta Menzel.
À frente do Porto de Rio Grande, Fernando Estima afirma que o avanço no volume de recursos privados injetados no local não se dá ao acaso: também é resultado de um esforço em curso nos últimos anos, para reposicionar o porto como centro logístico na América Latina. Há previsão, segundo ele, de investimentos em ao menos 17 projetos nos próximos meses, a maioria deles já conhecida — incluindo a perspectiva de retomada da criação de um terminal de regaseificação no local, agora pelo grupo espanhol Cobra, e a ampliação do terminal de grãos da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL).
— O Estado fez reformas e, aplicando os recursos em infraestrutura e logística, com uma série de políticas públicas nessa área, já se percebe sinais fortes de apetite empresarial. Dá para ver isso aqui. Esses 17 projetos apresentados oscilam de R$ 20 milhões a R$ 600 milhões. Não é pouca coisa — destaca Estima.
Para o agronegócio, em especial, os investimentos anunciados são bem-vindos. Responsável pela área de infraestrutura e logística da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Fábio Avancini Rodrigues diz que a expansão da Yara e as demais perspectivas de negócios chegam em boa hora.
— Tudo isso é fundamental para a economia. O agro lucra direta e indiretamente, mas todos ganham. A ideia do porto de Rio Grande como um porto-indústria é excelente, porque lá existe uma condição muito singular, com uma área retroportuária de mais de 2 mil hectares, que pode e deve ser aproveitada — avalia Rodrigues.