Depois de quase seis anos, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) resolveu subir, nesta quarta-feira (17), a taxa básica de juro da economia brasileira. A elevação foi de 0,75 ponto percentual. Com a decisão, a Selic sai da mínima histórica de 2% ao ano para 2,75%. A seguir, entenda o que motivou a alta e quais são os impactos da medida na rotina de investidores e empresas.
O que é a Selic?
A taxa básica de juro é uma das referências para linhas de crédito no país. Também baliza o rendimento de aplicações de renda fixa, como a caderneta de poupança e parte dos fundos de investimento.
Por que o Copom resolveu subir a Selic?
A taxa é o principal instrumento do Banco Central para tentar conter a inflação. E é o recente aumento de preços no país que está por trás da alta no juro básico.
Na teoria, quando a Selic sobe, tende a causar elevação em linhas de crédito oferecidas para consumidores e empresas. Com o custo de empréstimos mais alto, a demanda que pressiona preços pode perder fôlego. Ou seja, a inflação pode arrefecer.
Mas a questão é que, na crise do coronavírus, a procura por bens e serviços já está prejudicada. Na realidade, para entender o recente aumento da inflação, é preciso analisar a escalada do dólar, hoje próximo de R$ 5,60.
Com o juro baixo nos últimos anos, o retorno de investidores estrangeiros com aplicações no Brasil também ficou menor. Isso tende a gerar saída de dólares do país, já que o retorno ficou mais enxuto em um mercado que carrega riscos. Com menos dólares, a cotação da moeda americana aumenta (o real se desvaloriza).
A elevação da Selic é, de certa forma, uma tentativa de conter os ânimos no setor financeiro, o que pode frear o dólar — e seus reflexos sobre os preços. Cotadas em moeda americana, matérias-primas subiram nos últimos meses no mercado internacional, o que gerou impacto em alimentos e combustíveis no Brasil, por exemplo.
Qual é o nível atual da inflação no país?
O IPCA, conhecido como a inflação oficial do país, registrou variação de 0,86% em fevereiro. Trata-se da maior marca para o período desde 2016. Não bastasse isso, o índice acumula avanço de 5,20% em 12 meses. Ou seja, encostou no teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central neste ano. O centro é 3,75%, podendo variar entre 2,25% e 5,25%.
Qual é o impacto da alta na Selic para consumidores e empresas?
Em tese, o aumento no juro tende a elevar o custo do crédito justamente no momento em que a economia patina. Um exemplo: na hora de buscar um empréstimo para adquirir equipamentos, uma empresa pode encontrar taxas de juro maiores.
Com a Selic mais alta, o que acontece com os investimentos?
Ao subir, a Selic eleva o retorno de investimentos de renda fixa, incluindo a poupança. Mas, com o juro básico ainda em nível contido para os padrões brasileiros, a caderneta segue abaixo da inflação.
A situação pode servir de estímulo à procura por opções de renda variável, incluindo ações de empresas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Nesse caso, há possibilidade de rendimentos maiores, mas também existe uma série de riscos envolvidos.
Em um dia, ações de uma companhia podem registrar alta expressiva e, na sessão seguinte, cair em igual magnitude. O sobe e desce é conhecido como volatilidade. Por isso, especialistas recomendam cautela a quem deseja mudar o perfil de investidor e migrar para a renda variável. Buscar conhecimento e auxílio de profissionais especializados no mercado financeiro pode ajudar.
Como ficaria aplicação de R$ 10 mil em 12 meses na renda fixa
Anefac projeta retorno de investimentos com a Selic estável em 2,75% ao ano
Poupança antiga
Rendimento: R$ 617,00
Total aplicado: R$ 10.617
Poupança nova
Rendimento: R$ 193
Total aplicado: R$ 10.193
Fundo de investimento com taxa de administração de 0,5% ao ano
Rendimento: R$ 181
Total aplicado: R$ 10.181
Fundo de investimento com taxa de administração de 1% ao ano
Rendimento: R$ 157
Total aplicado: R$ 10.157
Fonte: Anefac