Pela primeira vez em quase seis anos, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), voltou a elevar o juro básico. Com a pressão inflacionária no país, o colegiado comunicou, nesta quarta-feira (17), a elevação da taxa Selic em 0,75 ponto percentual. Com isso, o indicador passa de 2%, até então a mínima histórica, para 2,75% ao ano.
A decisão reverte o ciclo de cortes iniciado nos últimos anos com o intuito de estimular a economia brasileira, afetada por recessão entre 2015 e 2016, lenta retomada nos anos seguintes e, desde 2020, pela crise do coronavírus. A última alta na Selic havia acontecido em 29 de julho de 2015, quando o comitê decidiu aumentar o juro básico anual de 13,75% para 14,25%.
A alta anunciada nesta quarta já era esperada pelo mercado. Alguns analistas, inclusive, defendiam que o movimento fosse realizado pela autoridade monetária há mais tempo, diante do avanço da inflação no Brasil.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acumula elevação de 5,2% nos últimos 12 meses. O desempenho é impactado principalmente pela variação nos preços dos alimentos e dos combustíveis, influenciados diretamente pela valorização do dólar, negociado acima de R$ 5,60 ao longo de março.
A previsão do mercado é de que a taxa continue avançando, terminando 2021 em 4,5% ao ano e 2022 em 5,5% ao ano.
O que significa a decisão
Na prática, quanto menores os juros básicos da economia, mais barato fica o crédito para empresas e famílias, o que possibilitou o crescimento dos financiamentos no auge da crise e ajudou a segurar as quedas na atividade e no emprego.
Ao voltar a subir os juros, o Copom mira a inflação de médio e longo prazo, tentando evitar que alta dos preços se dissemine na economia.
O centro da meta de inflação perseguida pelo BC em 2021 é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%). A meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (de 2,00% a 5,00%), enquanto o parâmetro para 2023 é de inflação de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (de 1,75% a 4,75%).