O avanço do coronavírus chacoalha a economia e força parte das empresas a buscar estratégias de sobrevivência. Com o isolamento social causado pela pandemia, a principal saída encontrada por comerciantes foi elevar a atenção com canais de vendas online. Segundo analistas e empresários, tentar flexibilizar condições de parcelamento para consumidores, na medida do possível, também tende a gerar algum alívio em tempos de crise.
Presidente da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV), Sérgio Galbinski ressalta que lojistas mantêm em estoque produtos que já foram pagos aos fornecedores. Na visão do dirigente, é interessante oferecer aos clientes prazos mais estendidos de compra para tentar reduzir a quantidade de itens parados neste momento. Para chegar até aos consumidores, Galbinski ressalta a importância do uso de plataformas digitais.
— As empresas, principalmente as pequenas, têm de aproveitar seus cadastros de clientes para entrar em contato com eles. Telefone, WhatsApp, e-mail, tudo isso pode ajudar — frisa.
Um dos ramos da economia que ampliaram a atenção com as vendas digitais é o de alimentação. Em Porto Alegre, o Chica Parrilla y Bar aderiu aos serviços de delivery durante a crise, relata Matheus Fermann, responsável pela área de marketing do estabelecimento. A hamburgueria Mureta, outra operação que ele ajuda a administrar na Capital, já trabalhava com telentrega de lanches. Nos últimos dias, houve alta na demanda pelo serviço.
Ao mesmo tempo, as duas operações lançaram uma ação social. Segundo Fermann, a cada pedido de delivery recebido por aplicativos, um prato de carreteiro é doado para moradores de rua em Porto Alegre. A medida é realizada em parceria com o grupo de voluntários Cozinheiros do Bem.
— Estava em casa e pensei em como o pessoal que vive na rua poderia estar agora. Contatei o pessoal do projeto para ver como poderíamos ajudar. Então, resolvemos entrar nessa corrente com a doação de uma prato bem característico, o carreteiro — relata.
Sócio-diretor da GS&Consult, consultoria especializada em varejo, Alexandre Machado menciona que serviços de delivery podem compensar perdas em segmentos diversos, e não apenas no ramo de alimentação. Segundo ele, medidas como a renegociação de contratos de aluguel e pagamentos a fornecedores também podem aliviar o caixa das empresas durante a crise.
— A última ação a ser feita agora é demitir funcionários. Há o risco de o negócio perder bons profissionais, assim como o investimento feito neles ao longo do tempo — aponta Machado.
Na indústria, uma das principais queixas de empresários está relacionada ao alto nível de taxas de juro cobradas por bancos no país. Em momentos de crise, grandes empresas tendem a buscar financiamento para lutar contra a queda nas receitas.
Conforme pesquisa divulgada na terça-feira (31) pela Fiergs, que representa o setor no Estado, 57,4% das indústrias gaúchas estavam paralisadas devido ao coronavírus. Mais de 78% daquelas que buscaram crédito relataram maior dificuldade de acesso a capital de giro. Ou seja, conseguir dinheiro para pagar despesas ficou ainda mais complexo.
Dicas contra a crise
O Sebrae-RS dá dicas para pequenos e médios negócios que tentam manter as vendas durante a crise. Veja resumo das medidas abaixo.
- Busque reduzir custos desnecessários
- Converse com fornecedores. Replaneje estoque e compras
- Tente intensificar vendas a distância, com possibilidade de entrega dos produtos na casa dos clientes
- Renegocie financiamentos de longo prazo com bancos, a fim de encontrar taxas de juro mais atrativas e carência durante o período de crise