O combate ao coronavírus paralisa a maior parte da economia do Estado, mas setores considerados essenciais seguem em operação e registram alta na procura por serviços e produtos. Em razão do aumento na demanda, precisaram fazer contratações nos últimos dias. O grupo envolve desde atividades da área da saúde até supermercados, que têm a missão de manter a população abastecida com itens básicos.
Na linha de frente da guerra contra a pandemia, o Grupo Hospitalar Conceição (GHC), vinculado ao Ministério da Saúde, preencheu neste mês 94 vagas destinadas a profissionais como médicos, enfermeiros e auxiliares de higienização em Porto Alegre. São tanto oportunidades temporárias quanto permanentes, diz o diretor administrativo e financeiro do GHC, Cláudio Oliveira. Ele acrescenta que, nesta segunda-feira (30), a instituição recebeu aval do Ministério da Economia para, em caso de necessidade, realizar até 1,5 mil contratações emergenciais ao longo de 2020.
— Pedimos autorização para aumentar as vagas temporárias. A aprovação deve aparecer no Diário Oficial da União. Mas isso não quer dizer que todas serão preenchidas — pondera Oliveira.
Presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado (Sergs), Cláudia Franco ressalta que grandes hospitais estão intensificando contratações desde fevereiro, quando o primeiro caso de coronavírus foi detectado no Brasil.
— Instituições de referência vêm chamando profissionais que estavam no cadastro de concursados. Eles aguardavam para começar a trabalhar — conta.
A dirigente, por outro lado, demonstra preocupação com relatos de que uma parcela dos enfermeiros estaria atuando de forma voluntária no combate à pandemia:
— Recebemos denúncias de casos na Região Metropolitana e no Interior. Isso precariza a mão de obra. Se o profissional for contaminado, pode não ter respaldo de direitos trabalhistas.
No ramo farmacêutico, também há vagas abertas. O Grupo Dimed, dono da rede Panvel, tem cerca de 200 postos de trabalho disponíveis no Rio Grande do Sul e no Paraná. A maior parte é destinada ao mercado gaúcho, segundo a rede.
São oportunidades para funções como as de auxiliar de logística, assistente de atendimento e ajudante de limpeza, além de farmacêuticos. Interessados devem se inscrever por meio do site da empresa.
Nos últimos dias, grandes varejistas do setor de supermercados também chamaram atenção ao abrir postos de trabalho. No país, o Carrefour iniciou processo seletivo para contratar 5 mil empregados. No Rio Grande do Sul, há 470 oportunidades para funções diversas — as inscrições podem ser feitas neste site.
Nesta segunda-feira, foi a vez de o Grupo Big, ex-Walmart Brasil, começar a seleção de candidatos para cerca de 500 vagas no país. No Estado, são 135 oportunidades — 26 em Porto Alegre. A companhia busca profissionais para atuar em lojas e centros de distribuição. As inscrições também são feitas de maneira digital.
Retorno ao trabalho após cinco meses
Alexandra Garcia, 39 anos, estava em busca de emprego desde outubro de 2019. Para sua surpresa, foi em meio à pandemia de coronavírus que surgiu a oportunidade de retorno ao mercado de trabalho. Na semana passada, Alexandra passou a atuar como operadora de caixa de um supermercado da rede Supermago em Porto Alegre.
Antes, ela havia trabalhado no setor hoteleiro. Sua única experiência profissional em um supermercado ocorreu há cerca de 20 anos.
— Estava à procura de trabalho havia cinco meses. Agora, tive uma grande oportunidade — pontua a moradora da Capital.
Diretora da Supermago, Patrícia Machado relata que, devido ao isolamento social imposto pelo coronavírus, clientes aumentaram a procura pelo delivery da rede. O serviço permite que os consumidores façam seus pedidos de maneira online e recebam os produtos em casa.
— Tivemos de fazer contratações por causa do crescimento das vendas online. A demanda subiu muito do dia para a noite. Além disso, também houve baixas de funcionários do grupo de risco do coronavírus, parte deles recebeu atestado médico, outros tiraram férias — explica a diretora.