O coronavírus espalha incertezas e deixa em alerta a economia gaúcha. Com o avanço do problema sanitário, setores diversos temem redução brusca no faturamento nos próximos meses. Diante da situação, empresários esperam que medidas do governo federal diminuam os riscos que a pandemia traz aos negócios.
Um dos segmentos que demonstram preocupação é o de bares e restaurantes. Segundo Maria Fernanda Tartoni, presidente da Abrasel-RS, que representa os estabelecimentos no Estado, a prevenção do coronavírus já reduziu a movimentação de clientes.
Balanço preliminar da entidade aponta que o faturamento dos associados caiu 30%, em média, no último final de semana. Na visão de Maria Fernanda, o governo federal tem de intensificar ações para ofertar crédito "mais barato".
– Nosso setor está bem preocupado. O impacto virá, não passaremos ilesos. O ideal é fazer de tudo para evitar a disseminação do vírus, mas esperamos que não chegue o momento em que bares e restaurantes tenham de ser fechados – afirma Maria Fernanda.
Para prevenir o coronavírus, a Abrasel-RS repassa aos associados dicas de limpeza e higiene. Também recomenda que restaurantes e bares mantenham distância de dois metros entre mesas.
Outro setor que é abalado pelo freio na circulação de consumidores é o hoteleiro. Nos últimos dias, houve suspensão de eventos no Estado para evitar aglomerações, o que reduziu o número de reservas.
– A situação é grave. Hotéis já tiveram o cancelamento de reservas. O remédio agora é cada pessoa cuidar de si mesma para não prejudicar a outra. O governo tem de buscar linhas de crédito especiais, de emergência, para que a economia passe por esta situação – pontua o presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha), Henry Chmelnitsky, que vê riscos a empregos devido ao coronavírus.
Em comunicado, a Fecomércio-RS observa que os efeitos econômicos da pandemia são "inevitáveis e de difícil mensuração". A entidade ressalta que parte dos primeiros segmentos impactados é formada por aqueles ligados ao turismo, incluindo companhias aéreas e agências de viagens.
A pequena padaria, o cabeleireiro, uma série de segmentos vai ficar sem renda por um período. Seria interessante que o governo fornecesse crédito direto para essas pessoas
ANDRÉ PERFEITO
Economista-chefe da Necton Investimentos
Nesta segunda-feira, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) informou que a procura por voos internacionais nas próximas duas semanas despencou 50% no país, em relação a igual período de 2019. A busca por bilhetes nacionais no mesmo intervalo caiu 30%.
A Fecomércio-RS acrescenta que lojas de shoppings já sentiram perdas relacionadas ao coronavírus. Esses pontos tendem a ser abalados antes do que o comércio de rua, indica a entidade. "O coronavírus está sendo identificado, num primeiro momento, como doença que circula entre viajantes internacionais, e, portanto, sobre classes sociais A e B, tipicamente frequentadoras de shoppings", diz a entidade, em nota.
– O comércio está muito preocupado. É preciso que os governos tomem medidas que facilitem a vida de toda a economia. As empresas não estão preocupadas com seu lucro, mas com sua sobrevivência – sublinha o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse.
Nesta segunda-feira, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que os cinco maiores bancos associados (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú Unibanco e Santander) estão abertos a atender pedidos de prorrogação, por 60 dias, de vencimentos de dívidas de clientes. Ao final do dia, o Banrisul seguiu o mesmo caminho. Em nota, o banco gaúcho anunciou a prorrogação dos vencimentos.
Quer saber mais sobre o coronavírus? Clique aqui e acompanhe todas as notícias, esclareça dúvidas e confira como se proteger da doença.