Os mercados financeiros vivem nesta segunda-feira (9) a perfeita definição de dia de pânico. No Brasil, o dólar disparou, apesar da intervenção do Banco Central (BC), e o principal índice da bolsa de valores de São Paulo desabou 10% logo na abertura — acionando o circuit breaker, mecanismo que interrompe as negociações de papéis por 30 minutos.
Após a pausa de 30 minutos, o Ibovespa retomou as negociações. Por volta das 16h18, o índice cai 12,2%, a 85.995 pontos, menor patamar desde dezembro de 2018. As ações da Petrobras caem cerca de 30%.
Foi o primeiro circuit breaker desde o episódio conhecido como Joesley Day, em maio de 2017, em meio às denúncias do dono da JBS contra o então presidente, Michel Temer.
Os números no Brasil acompanham as movimentações do mercado financeiro no Exterior. Na Ásia e na Europa, os principais índices de ações derretem, com quedas que superam os 10%.
O dólar abriu nesta segunda em forte alta. Na máxima, bateu R$ 4,7940, mas teve a disparada parcialmente contida pela venda de US$ 3 bilhões de reservas pelo BC o triplo do inicialmente previsto. O plano, na sexta-feira, era vender US$ 1 bilhão. No momento, a moeda sobe 2,4%, a R$ 4,745. O turismo está a R$ 4,93 na venda. Em algumas casas de câmbio, chega a ser vendido acima de R$ 5.
O pessimismo sinaliza principalmente uma piora nas perspectivas de impacto econômico com a disseminação do coronavírus. A desaceleração da economia global por causa da doença já é considerada inevitável.
Mas a deterioração no mercado de ações e também no câmbio sinaliza ainda os efeitos negativos da retração no preço do petróleo, que chegou a cair mais de 30% e agora é negociado ao patamar de US$ 35 o barril do tipo Brent. É a menor cotação desde 2016.
Uma queda de braço entre a Arábia Saudita (membro da Opep) e a Rússia, que se recusou a cortar a produção para fazer frente à queda do preço da matéria-prima, já está sendo chamada de guerra do preço do petróleo, com impactos em escala global.
No ano, o petróleo cai quase 50%, reflexo da percepção de que a demanda pelo produto será menor com a redução da atividade econômica global. Uma queda de consumo já é certa: querosene de aviação, com a redução das viagens causada pelo coronavírus.