Para os consumidores, preços em baixa são boas notícias. Para as empresas, não. O tombo de mais de 30% na cotação internacional do petróleo, na manhã desta segunda-feira (9), representa menos receita para empresas que costumam fazer altos investimentos. A perda de valor da matéria-prima torna inviáveis algumas atividades das petroleiras, o que significa menos investimentos, menos projetos e menos empregos.
A indústria petroleira movimenta uma grande cadeia de fornecedores, que vão do aço ao plástico. Sem a perspectiva de novas encomendas, cai também a projeção de faturamento desses setores. Por isso, quanto mais o petróleo tiver peso na economia de um determinado país, maior o impacto. É por isso que, nesta segunda-feira, uma das bolsas mais afetadas é a de Oslo, na Noruega. O país é grande produtor de óleo, que extrai no Mar do Norte.
O mesmo ocorre no Brasil. A Petrobras, embora tenha deslocado para o Exterior as encomendas de novas plataformas, é uma das maiores companhias do país. Faz grandes contratos com empresas no mercado nacional. Além disso, tem muito peso no Ibovespa, o principal índice da bolsa de valores. A projeção de que seu produto terá preço mais baixo faz com que caia a perspectiva de ganhos próprios e de todos seus fornecedores. Portanto, o Brasil tende a ser um dos maiores afetados nesta segunda-feira com perdas históricas na cotação do petróleo e nas bolsas.
O barril já vinha em baixa pela perspectiva de menor consumo com a desaceleração provocada pela epidemia de coronavírus. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) tentou um acordo para reduzir produção e segurar as cotações pela menor oferta. A Rússia, preocupada com o ganho de mercado que teria o shale oil (petróleo de xisto) dos Estados Unidos, não aceitou. Em retaliação, a Arábia Saudita adotou a inesperada estratégia elevar a produção e derrubar os preços do petróleo.
Há consenso de que essa iniciativa é insustentável no longo prazo. A dúvida é quanto vai durar e que solução terá. Enquanto isso não ficar claro, os mercados seguirão operando em modo pânico, como na manhã desta segunda-feira. Isso não significa que tombos do mesmo tamanho vão ocorrer. O que costuma ocorrer é um ajuste de posições às perdas projetadas o mais rapidamente possível. Depois, a vida segue.