Em tentativa de estímulo à retomada da economia, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cortou nesta quarta-feira (18) a taxa básica de juro em 0,5 ponto percentual. Com a redução, a segunda consecutiva, a Selic caiu para 5,5% ao ano. Assim, renovou a mínima histórica já registrada no país.
Em comunicado divulgado após a reunião, o Copom sinalizou que novos cortes podem ocorrer nos próximos meses. Até o final do ano, o comitê terá mais duas reuniões — a próxima em outubro. O mercado financeiro estima que a Selic fique em 5% ao fim de 2019.
"O comitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a inflação deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo. O Copom reitera que a comunicação dessa avaliação não restringe sua próxima decisão e enfatiza que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação", afirmou o colegiado.
A decisão desta quarta-feira era aguardada por analistas do mercado financeiro. Quando a Selic está em nível baixo, como o atual, pode servir de incentivo ao consumo e aos investimentos de empresas. Quando está em patamar alto, ajuda a conter a inflação, porque desestimula o consumo, elevando o juro de financiamentos, empréstimos e cartões de crédito.
— Com a economia segue fraca, justifica-se o estímulo para tentar ajudar na retomada do consumo e dos investimentos. A inflação segue controlada no país. Há espaço para o Copom seguir com o ciclo de redução — observa o economista-chefe da corretora Geral Asset, Denílson Alencastro.
A decisão do Copom também foi celebrada por entidades empresariais. "Esse corte adicional é importante para a retomada do setor produtivo, já que a recuperação tem sido difícil, e um estímulo monetário, apesar de não resolver todos os problemas, contribui para a melhora no ambiente econômico", apontou, em nota, o presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Gilberto Porcello Petry.
A Fecomércio-RS também destacou a medida. "Apesar de um ambiente externo mais desafiador, as condições internas garantem espaço para uma Selic menor", comentou a entidade.
Um dos desafios do Banco Central é fazer com que os cortes na taxa básica cheguem com vigor maior aos consumidores e empresários. Para Alencastro, o avanço de fintechs (startups do setor financeiro) pode estimular, aos poucos, a concorrência no sistema bancário.
— À medida que a economia tenha crescimento mais elevado, a tendência é de que os empréstimos também aumentem — diz o especialista.