Sem acordo com representantes de policiais federais, caiu a proposta para aliviar regras de aposentadoria para a categoria, policiais rodoviários e policiais legislativos. O presidente Jair Bolsonaro atuou para favorecer policiais na reforma da Previdência e líderes da Câmara chegaram a fechar um acordo nesse sentido, mas a categoria continuou insatisfeita, o que derrubou as negociações.
Assim, a nova versão da proposta não suaviza regras para policiais federais, policiais rodoviários federais nem policiais legislativos. O presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Edvandir Paiva, disse à reportagem que a proposta feita pelo governo "não resolve o nosso problema".
Policiais continuam pressionando por regras de transição mais suaves para quem já está na ativa.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), participou das tratativas que visavam buscar uma solução para a questão levantada por Bolsonaro sobre os policiais. No início da noite desta quarta-feira (3), Maia anunciou que o acordo não foi concretizado.
— A idade mínima de 55 anos não era nosso principal problema. O governo está tentando vender que apresenta um novo texto melhor para a categoria, mas na verdade não melhorou nada — disse Paiva.
Proposta original cria idade mínima de 55 anos
A proposta original, enviada pelo governo em fevereiro, criava uma idade mínima de 55 anos para homens e mulheres policiais federais, policiais rodoviários federais, policiais legislativos.
Os policiais querem que quem está perto de se aposentar tenha que trabalhar 17% a mais do período que falta para cumprir o tempo mínimo de contribuição. Esse é o mesmo "pedágio" previsto para Forças Armadas, policiais militares e bombeiros dos estados.
Após negociações com líderes, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o relator da reforma, deputado Samuel Moreira (PSDB-RJ), o governo propôs um "pedágio" de 100%. Assim, para quem falta dois anos para se aposentar, teria que trabalhar mais quatro anos.
A sugestão não agradou aos policiais federais, que agora passarão a apoiar uma emenda do deputado Hugo Leal (PSD-RJ) que beneficia a categoria e demais setores da segurança pública. Líderes da Câmara defendem que Bolsonaro tenha que conseguir os votos para agradar sua base eleitoral e desidratar a própria reforma da Previdência.
— Eu acredito que, já que não houve acordo, o governo não vai trabalhar para o destaque ser aprovado e derrubar as categorias do texto. Isso será uma sinalização muito ruim no plenário. Se uma categoria sair, vão sair todas — afirmou Maia.
O presidente da Câmara defendeu que os policiais federais também deem sua contribuição, já que toda a sociedade será atingida pelas alterações nas regras de aposentadoria.
— Ninguém faz isso sorrindo, ninguém comemora votação de reforma da Previdência, mas a gente faz com muita convicção que é o único caminho para garantir estabilidade — disse.