O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira (4) que a aprovação do relatório da reforma da Previdência na comissão especial do Congresso que trata do tema abre espaço para o que o texto seja votado pelos deputados na próxima semana.
— Acho que a Câmara dos Deputados vai aprovar antes das férias. Eu confio no trabalho do Congresso brasileiro. Acho que na semana que vem teremos isso aprovado — afirmou Guedes ao participar de evento da XP Investimentos em São Paulo.
Ainda, o ministro disse que o impacto da proposta original do governo, alterada na comissão especial, pode resultar em uma economia de R$ 3 trilhões em 20 anos.
Em uma referência à tentativa do presidente Jair Bolsonaro de negociar regras menos rígidas para policiais na esfera federal, Guedes afirmou que o mandatário perguntou "se não dava para ajudar esse aqui ou ali". O ministro, no entanto afirmou que "a reforma agora está com o Congresso".
Guedes também afirmou confiar tanto nos congressistas quanto no presidente, mas disse que há um "problema de comunicação" entre as duas partes. Após o próprio ministro ter criticado os parlamentares em outros momentos, afirmou que a maioria quer ajudar o país, com exceção de "uma ou outra criatura do pântano paleolítica".
Em relação às próximas reformas que o governo pretende apresentar ao Legislativo, o ministro afirmou que, no segundo semestre, irá enviar uma proposta de reforma tributária para a Câmara e o novo pacto federativo, que prevê desindexação de receitas e despesas de todos os entes, para o Senado.
Sobre a questão tributária, o governo tem mais de uma versão de projeto e irá avaliar qual será apresentada. Segundo ele, a "moderada" já está pronta para ser enviada pelo secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, e possui maior convergência com a proposta já aprovada em uma comissão especial no Legislativo. Entretanto, o governo pode optar também pela versão "turbinada", que permitiria mudanças maiores e mais rápidas no sistema tributário.
— Essa reforma dos impostos é iminente. Se eu disser para o Marcos Cintra, puxa a moderada, já está pronta, para fazer a convergência com a do (economista autor da reforma tributária, Bernard) Appy. Se disser, puxa a turbinada, vai mais rápido. Lá na frente, que vença a melhor — afirmou.
Guedes também quer anunciar na próxima semana o programa de "choque de energia barata", com objetivo de reduzir o preço do gás natural em até 40% nos próximos dois anos, a partir da quebra de monopólios da Petrobras e de empresas estaduais. O projeto, segundo o ministro, já tem o apoio formal do Rio de Janeiro e o interesse dos governos de São Paulo, Espírito Santo e Minas.
Ao comentar o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, afirmou que o Brasil terá dois anos para simplificar, reduzir e eliminar os impostos, melhorar as contas públicas, com medidas como a redução da folha de pagamento, e cortar suas taxas de juros.
— Vamos deixar de ser o paraíso dos rentistas. Vai trabalhar, vagabundo — disse.
Reforma da Previdência
Nesta quinta-feira, após cerca de cinco horas de discussão, o texto-base da reforma foi aceito pelos deputados, marcando um placar de 36 votos a favor e 13 contrários. Após a votação dos destaques, o texto poderá ser encaminhado ao plenário da Casa.
O novo parecer, elaborado pelo relator Samuel Moreira (PSDB-SP), atendeu pedidos de líderes partidários para excluir menções a Estados e municípios. No relatório, a idade mínima para a aposentadoria das categorias foi mantida em 55 anos, mesmo após apelo do presidente Jair Bolsonaro, que defende os pisos de 53 anos para homens e 52 para mulheres.
As alterações na carreira de policiais federais, rodoviários federais e legislativos ainda é um dos pontos de impasse no texto da proposta. A proposta negociada na quarta-feira (3) com o relator previa idade mínima de 53 anos para homens e 52 para mulheres na carreira. Entretanto, o acordo não foi fechado, uma vez que a categoria continuou insatisfeita, derrubando as negociações.