O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira (5) que está preparado para qualquer resultado na reforma da Previdência, mas que confia numa boa solução. O ministro reconheceu, no entanto, que mudanças no benefício aos idosos tendem a cair.
— Estou preparado para qualquer resultado, mas acho que nós vamos construir uma boa solução, confio na capacidade política — disse Guedes durante uma conversa com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-AP), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Eles participavam de um seminário do Grupo Lide, em Campos do Jordão, São Paulo.
Guedes deixou o evento sem responder aos questionamentos da imprensa.
Com relação às mudanças sugeridas no Benefício de Prestação Continuada (BPC), voltado para idosos carentes, Guedes reconheceu que a tendência é que elas não cheguem à versão final da proposta.
— A minha avaliação hoje é que, politicamente, isso tem uma enorme chance de cair — disse Guedes.
O ministro disse que percebeu que as mudanças no benefício aos idosos é assunto polêmico e tem muito impacto nas regiões mais pobres. A nova regra sugere uma antecipação do benefício aos 60 anos, mas no valor de R$ 400, e o salário mínimo cheio apenas aos 70 anos — e não aos 65 anos, como na regra atual.
Presente no mesmo evento, Maia confirmou as suspeitas de Guedes ao dizer que as mudanças no BPC estão fora do jogo, assim como as alterações na aposentadoria rural.
O presidente da Câmara identificou mais três pontos polêmicos: a falta de transição para servidores que entraram no serviço público antes de 2003, a questão da aposentadoria especial de professores e policiais, cujo impacto mais amplo é sobre estados e municípios, e também a capitalização.
— A capitalização não é um problema, é que a gente precisa que ele explique de forma mais clara — disse.
Guedes voltou a pedir apoio dos governadores e questionou sobre o que eles preferem: ficar um ano ao sol com esse tema espinhoso e ir para eleição ano que vem com ele ou matar isso no primeiro semestre e ter pauta construtiva.
— Como o político prefere entrar no segundo semestre? Falando na nova Previdência. Não consigo acreditar que prefere ir carregando esse problema um ano, não é inteligente politicamente — disse o ministro.
Guedes disse ainda que a ajuda do governo aos estados em crise fiscal — que chamou de "cavalaria"- vai chegar em breve.
Reforma tributária
Guedes disse ainda que a próxima reforma a ser tocada após a da Previdência é a tributária, com a criação de um IVA -um imposto sobre o valor adicionado das empresas.
— Primeiro vamos fazer a reforma tributária, depois a abertura da economia — disse Guedes ao ser aplaudido pela plateia formada basicamente por empresários e políticos.
— É preciso eliminar impostos, simplificar e reduzir. Vamos pegar até cinco impostos e criar um imposto único federal. Mudar a base de incidência e fazer um IVA bem desenhado para todo mundo bater palma, e vamos elaborar outras bases de incidência para mais tarde — disse ele.
Guedes diz que o governo já conversa com o Mercosul e vai tentar acertar as coisas com a União Europeia. Com relação à abertura comercial, Guedes disse que a ideia é "abrir devagarzinho a economia".
— Não quero desmontar nada do que nós temos. Não podemos. Temos que nos integrar às cadeias globais de produção, mas com muito cuidado, devagar — afirmou.