"Hoje a gente vive num mundo em que as pessoas discutem tudo, exatamente por causa das redes sociais, do WhatsApp, isso se acirrou muito, antes só se discutia em mesa de bar. No bar, tu podes se reconciliar imediatamente, dizer “ah, tá tudo bem. Vamos esquecer e pedir um chopp”. E esse clima das redes sociais acirrou um pouco as pessoas e as tornou mais vulgares. E é sobre essa vulgaridade que eu queria falar.
Na quarta, a gente assistiu na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara a exposição ou questionamentos ao Ministro da Economia, Paulo Guedes. E aí, a gente viu cenas bem feias, que não deveriam acontecer com autoridades, com pessoas que tem uma responsabilidade tão grande, porque eles estão tratando de algo importante pra todo mundo no Brasil, que é a reforma da Previdência.
É verdade que o Paulo Guedes é agressivo, é o jeito dele, ele não tem muito tato político e eu sei que ele foi irônico, foi debochado com os deputados, ele estava realmente incomodando os deputados. A gente via que ele ia atacando a oposição. Mas o deputado Zeca Dirceu, que é filho do Zé Dirceu, usou uns termos baixos: “o senhor é tigrão com os aposentados, com as pessoas que tem menos dinheiro e é tchutchuca com os bancos e com os privilegiados”. Tigrão e tchutchuca: quem já ouviu esses funks sabe o que significa. A tchutchuca é a mulher “fácil”, vamos dizer assim, que está lá dançando nos bailes funk e o Tigrão é o galo, aquela coisa e tal. Então é um termo baixo para usar, para se referir a um ministro no Congresso.
O Zeca Dirceu falou que o ministro precisa ter outra postura dentro do seu cargo, mas o deputado também precisa ter outra postura, não pode usar esse tipo de palavra para se referir ao ministro ou a qualquer outra pessoa, não precisa ser um ministro, não precisa ter um cargo, qualquer pessoa merece respeito. Pode ser um jornalista, pode ser um advogado, pode ser um médico, pode ser um gari, uma empregada doméstica, seja quem for, não interessa, a pessoa merece respeito e não se deve usar esse tipo de termos. Aí o ministro, quando vai rebater, recua e desce ao nível do deputado. Ele responde “tchutchuca é a mãe e avó”. Peraí, né! Então faz o seguinte, diz “eu não vou mais discutir nesses termos”, se levanta e vai embora!
Meu filho está na 5ª série, e na 5ª série não tem esse tipo de discussão. O cara pode brilhar com elegância, se a tem.
Acho que as coisas estão mais vulgares, agora a gente vê aí o tal do “guru do bolsonarismo” que se diz filósofo. Nós fizemos uma entrevista com ele, e os ouvintes ficaram chocados com o número de palavrões, vulgaridades, grosserias, falta de educação e só agressividade. Não tem nada de bom, nada de positivo sobre nada.
Então, esse tipo de ambiente é o ambiente das redes sociais, a gente vê nas pessoas só agressividade, não tem nada de bom, nada de positivo sobre nada. Então, esse tipo de ambiente é o ambiente das redes sociais, é só agressividade, é só coisa ruim, as pessoas não são capazes de fazer a elaboração de alguma coisa, é claro que estou falando de grupos, não estou falando de todas as pessoas, evidentemente que tem pessoas maravilhosas, eu mesmo recebo e-mails e manifestações de pessoas sensacionais, mas eu digo, o exercício das pessoas hoje é ver a coisa ruim, é ver a parte ruim, é ser agressivo e isso aí passa para o Congresso Nacional, onde se tem esse tipo de atitude. E aí o que acontece? Encerra um debate que é importante para o Brasil, que tem que ser debatido, e isso que o deputado falou lá, se realmente acha tudo isso sobre a reforma da Previdência, como dito antes de ele usar aqueles termos, precisa tentar mostrar isso, tem que colocar isso, mas não dessa forma. Dessa forma ele não vai conseguir. E o ministro ao rebater, tem que rebater também com elegância, porque se não, não leva adiante, senão, não mostra também que o outro está errado. Poxa vida! Está difícil a situação do Brasil!"