O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a criticar duramente o Sistema S nesta sexta-feira (5), ao dizer que encargo trabalhista é "desumano" e uma "arma de destruição em massa" de emprego.
Guedes minimizou o episódio que ocorreu na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) em que foi chamado de tchutchuca, ao dizer que isso "é coisa que acontece".
— Tive reuniões extraordinariamente construtivas. O presidente do Senado acabou de assumir com total apoio, (dizendo querer) apoiar as reformas. As principais lideranças do país estão comprometidas com a reforma. Eu vou ter medo de quê? Vou ter medo de perder a paciência, depois de 6 ou 7 horas, e me cansar, e tratar com certo desrespeito quem me desrespeitou? Humores, acontece — afirmou o ministro durante apresentação no Fórum Empresarial Lide, em Campos do Jordão.
O ministro falou a uma plateia de cerca de 750 pessoas entre empresários e políticos, dentre eles governadores, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o do Senado, Davi Alcolumbre.
A apresentação de Guedes foi a mais esperada e acompanhada por grande silêncio da plateia, só interrompido por palmas. Ao fazer referência ao episódio que envolveu o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), Guedes foi aplaudido. Ele disse estar "absolutamente tranquilo" e perceber que há uma dinâmica "extraordinariamente construtiva" em Brasília.
— A classe política tem maturidade e liderança suficientes para conduzir junto com o presidente a transformação. A intensidade é a questão. Mesmo que haja muita dúvida sobre como vai haver essa aproximação da forma operacional, a verdade é que ela é inescapável — afirmou.
— Uma coisa são humores pessoais, desentendimentos pessoais, às vezes um encosta no outro, se refere de forma inadequada, essas coisas acontecem, são ruídos, o que interessa é a dinâmica maior dos eventos — disse.
"Uma função social interessante, mas questionável"
Guedes voltou a fazer duras críticas ao Sistema S e chegou a elogiar medidas tomadas pelo ex-presidente Lula.
— Nada contra a educação do Sistema S, é um espetáculo, técnico. Mas se você recolhe 100 e gasta 20 com educação, com 80 financiando campanha política, tentando aprovar legislação favorável, comprando prédio no Rio de Janeiro para diretor do Sistema S, para ter R$ 20 bilhões de caixa, salários altos... — afirmou Guedes, criticando o sistema.
Na avaliação do governo, disse Guedes, não pode haver financiamento perverso, mesmo de atividades legítimas e socialmente desejáveis.
— Encargo trabalhista é desumano, são armas de destruição em massa de emprego — disse ao ser fortemente aplaudido por uma plateia de empresários.
— Primeiro o sistema destruiu empregos porque o recolhimento é feito sobre a folha de pagamento. E agora vai treinar o filho de trabalhador que você desempregou? Uma função social interessante, mas questionável — disse.
No lugar de encargos trabalhistas, disse Guedes, é preciso entender quanto custam os programas de formação técnica e colocá-los no Orçamento.
O ministro fez também afagos ao ex-presidente Lula, ao dizer que não é preciso tantos intermediários para chegar aos jovens e que, politicamente, a esquerda mostrou isso.
— Quando Lula chegou, PSDB, PMDB, PFL estavam pagando R$ 360 bilhões, R$ 400 bilhões de juros de dívida todo ano. Ele chegou com R$ 10 bilhões e ganhou quatro eleições seguidas — disse Guedes em relação ao programa Bolsa Família.
— Mostrou que o dinheiro é na veia — reiterou.
Ele também criticou os métodos de lobby utilizados pelas lideranças empresariais.
— Não precisa passar por Brasília e todos os ministérios, pagar todo aquele negócio, depois descer por intermediário que são as lideranças empresariais, dar três piruetas num prédio de luxo e depois treinar um garoto. Está errado e precisamos ter clareza a respeito disso. Não há mais recursos.