Diante do desempenho tímido da economia nacional, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve nesta quarta-feira (19) a taxa básica de juro, a Selic, em 6,5% ao ano, o menor nível já registrado no país. Aguardada pelo mercado financeiro, a decisão unânime está ancorada em fatores como inflação sob controle, mesmo com a recente disparada do dólar, que tende a elevar preços de produtos que dependem da importação de matérias-primas.
A reunião foi a última do Copom antes das eleições e a quarta consecutiva sem alteração na Selic. Em comunicado, o colegiado reconheceu que a retomada da economia está em "ritmo mais gradual do que o vislumbrado no início do ano" e frisou que a "conjuntura ainda prescreve política monetária estimulativa". Mas alertou que esse estímulo "começará a ser removido gradualmente" caso o cenário para a inflação apresente piora.
O juro básico em nível mais baixo serve de incentivo à retomada do Produto Interno Bruto (PIB) porque é uma das referências para as demais taxas oferecidas por instituições financeiras no país.
– Não há sentido aumentar a Selic no momento em que a economia patina. O câmbio vem subindo, mas as expectativas de inflação continuam sob controle – analisa o economista-chefe da Geral Investimentos, Denilson Alencastro.
Até o fim de 2018, haverá mais dois encontros do Copom. O próximo está marcado para 30 e 31 de outubro, logo após a data reservada para o segundo turno das eleições, 28 de outubro.
O comunicado do comitê também lembrou que o cenário externo permanece "desafiador" para economias emergentes, como é o caso da brasileira. "O Copom ressalta que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação", diz o texto.
O recente ciclo de cortes no juro básico começou em outubro de 2016. O movimento foi interrompido em maio deste ano, depois de 12 reduções em sequência.