Há 25 anos, as primeiras bancas representando as agroindústrias gaúchas tomavam a Expointer como um espaço para divulgar os seus produtos. O pavilhão da agricultura familiar cresceu e passou por transformações ao longo do tempo, e em 2023 celebra o seu um quarto de século com o maior número de expositores da história, consagrando-se como lugar cativo dentro da exposição.
São 372 empreendimentos de 174 cidades nesta edição, 73 deles pela primeira vez no espaço. Dos mais antigos aos estreantes, fato é que expor na mais importante feira agropecuária do Rio Grande do Sul sempre tem gosto de novidade. Primeiro porque cada edição é única, e segundo porque a feira é ocasião para mostrar lançamentos, na palavra dos próprios empreendedores.
Rogério Negrello, da Agroindústria Negrello, do município de Barão, relembra inúmeras histórias desde que expõe na feira. A banca vende frutas cristalizadas e a evolução do negócio se entrelaça com o crescimento do próprio pavilhão: começou com a figada pura, e ao longo dos anos ampliou a oferta para os doces de pêssego, abacaxi e maçã.
Os produtos do figo, como o figo cristalizado, as passas de figo e a figada com nozes são os mais vendidos nesta edição. Os preços vão de R$ 12 a R$ 25.
Negrello lembra que as bancas passaram por vários locais antes de chegarem ao pavilhão atual. A presença delas na feira, mesmo de jeito improvisado, foi um pleito do ex-governador Olívio Dutra.
A primeira participação do empreendedor foi em 2001, quando a agricultura familiar ainda ficava ao lado dos pequenos animais. Depois, pulou para o alto do terreno onde atualmente ficam as floriculturas, e só depois, em 2003, migrou para a construção fixa de hoje.
— Nós nos criamos juntos. Num primeiro momento, o chão não era nem brita, era casca de arroz. Aquilo levantava uma nuvem, uma poeira, era horrível. Um calorão! Mas faz parte da história. Quem não tem boas histórias para contar depois de uma jornada dessas? — diverte-se Negrello.
Entre uma venda e outra — até a ex-secretária da Agricultura Silvana Covatti passou pelo estande enquanto o produtor falava com a reportagem —, Negrello destacava a parceria de rever clientes e colegas a cada edição:
— Viemos por amor ao que fazemos e por participar desta festa, que é gigante.
Alguns corredores ao lado, Giovana Vidor faz a sua estreia na Expointer. Junto da mãe, ela comanda uma agroindústria de biscoitos que vão “desde a receita da nonna até os mais gourmets”, como o amanteigado de limão siciliano e o de café com chocolate. Iniciante também no ramo, a Dolci Ricorddi abriu as portas no ano passado, e já vê futuro pela frente.
Segundo a empreendedora, a expectativa é estar presente nas próximas edições, “entrando para a história do pavilhão”.
— Dá um frio na barriga por não saber exatamente uma quantidade fixa (de produtos a vender), mas estou gostando da experiência — diz Giovana.
Além dos biscoitos clássicos, a banca vende picles em conserva. Tudo preparado em Caxias do Sul, na Serra, onde nasceu a agroindústria. Os produtos custam entre R$ 10 e R$ 25. O amanteigado de limão siciliano é o que mais tem saída, mas há espaço também para o biscoito colonial e o biscoito de milho.
Queridinho de público, o pavilhão conquista pela diversidade. Nos 7 mil metros quadrados de área, os visitantes encontram opções em embutidos, defumados, laticínios, pães, cucas e biscoitos, doces, geleias, mel, erva-mate, rapaduras, caldo de cana, vinhos, espumantes, cachaças, sucos, temperos, frutas desidratadas, licores, erva-mate, grãos e cervejas artesanais. Também há artesanato rural e indígena, além de plantas e flores.
— É simplesmente fantástico ver a evolução. É como acompanhar o crescimento de um filho ou irmão da gente. Começou pequeno, foi crescendo, depois o pavilhão foi duplicado, novas agroindústrias. Foi importante para oportunizar a outras iniciativas que não só salame, queijo, cuca, doces. Hoje vejo inúmeros possibilidades e produtos novos, e é bom acompanhar isso — resume Negrello.
O pavilhão da agricultura familiar é organizado por uma comissão composta pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado, Emater, Fetag-RS, Fetraf-RS e Via Campesina.