Oportunidades para o agronegócio ser mais reconhecido e sustentável no país e desafios do mundo feminino em atuar no setor. Estes foram os principais assuntos de um dos painéis do Campo em Debate, ação do Grupo RBS em parceria com a Fiat, que reuniu nomes de relevância do segmento no Parque Assis Brasil, durante a 47ª Expointer, em Esteio. A Iniciativa faz parte da campanha Pra cima, Rio Grande.
Na ocasião, a Casa da RBS sediou o debate “Mulheres no comando do agronegócio - os avanços na sustentabilidade", com a apresentação da jornalista Giane Guerra. Participaram lideranças femininas que transmitiram suas experiências e soluções para o campo.
A coordenadora de Desenvolvimento de Mercado Agronegócio da Braskem, Ana Paiva, comentou os diversos desafios em sua carreira. Conforme ela, muitas vezes, foi preciso sair da zona de conforto. Um dos principais momentos foi o convite para ser líder de desenvolvimento de mercado e comercial da área de plasticultura.
– Vejo propósito no meu trabalho. As aplicações de plástico promovem aumento de produtividade, redução de perdas, diminuem o uso de recursos de água, energia, de outros insumos. Maior produtividade, com menos recursos – pontua.
Ainda, segundo Ana, a Braskem possui uma meta agressiva de aumentar o número da representatividade feminina, principalmente em cargos de liderança. Uma realidade é o seu núcleo de agro, em que a maioria são mulheres.
Já a conselheira de Administração da Cooperativa Agropecuária e Industrial (Cotrijal), Fabiana Venzon, acredita que existe uma maior presença de mulheres na gestão de propriedades rurais e das cooperativas agrícolas. E, para manter estas gerações, ela citou o grupo de formação de jovens Supernova, para que possam assumir os negócios de suas famílias.
– Nos últimos quatro anos, o nosso Estado teve três frustrações de safra. Temos que manter estas jovens mulheres motivadas para dar continuidade na vida no campo – ressalta.
Essa forma de engajar pode ser encontrada no Selo Rosa. Criada e organizada pelo grupo Agro Delas, a co-idealizadora e coordenadora do SOS Agro RS, Graziele de Camargo, explica que a certificação tem o intuito de valorizar as mulheres no agronegócio. O selo foi dividido nas categorias ouro, prata e bronze.
– Está vinculado à sustentabilidade, à tecnologia e ao fato de pertencer ao agro. Não importa a atuação, pode ser até no suporte, ser responsável pela compra de insumos – complementa.
Projeção e sustentabilidade
Na avaliação da diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sueme Mori, o poder do agro brasileiro é impressionante no mundo. Entre os asiáticos, é classificado como altamente produtivo. No entanto, no bloco europeu, por razões protecionistas, não tem relevância.
Além disso, Sueme frisa que o país necessita estar mais presente em fóruns globais como COP e OCDE, que, por exemplo, não consideram informações de agricultura tropical, típica do Brasil.
– Estive no Fórum Econômico Social. Fui apresentada aos principais focos de assuntos, como fome, mudanças climáticas e segurança alimentar. Questionei onde estavam as vozes dos produtores, só tinham ONGs e indústrias. Esses dados influenciam o mundo e os produtores precisam estar neles – relata.
Outro assunto foi como mostrar a produção do agro. A presidente da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável, Ana Doralina de Menezes, comentou que, pelo fato do Brasil ser o maior exportador e segundo importador de carne bovina do mundo, requer justificar isso ao consumidor moderno. A carne angus é um caso, pois entrega um produto de alta qualidade.
– Eles querem saber a procedência da carne, quem é o produtor. Se era um ambiente sustentável, se havia práticas de bem-estar animal. Para assumirmos este importante papel, temos que ter um discurso alinhado e tem que vir do nosso setor – sinaliza.
Essa forma de se comunicar melhor, de como o Brasil vê seu agricultor, teve evidência no debate. A pauta foi reforçada pela presidente do Núcleo Feminino do Agronegócio (NFA), Eliane Massari; pela presidente do Instituto Desenvolve Pecuária, Antonia Scalzilli; e pela empresária e comunicadora Camila Telles. Todas concordam que é preciso reforçar o óbvio, furar a bolha e mostrar com mais propriedade o trabalho do produtor rural.
– Em tempos de mudanças climáticas, existem criminosos ambientais, mas muitos produtores rurais possuem uma história e um propósito de vida, sabem produzir de forma consciente. Temos que mostrar que os produtores não são parte do problema, mas sim a solução – afirma Camila.
Parceira em mais uma edição do Campo em Debate, a Fiat reconhece a presença feminina no campo.
– É encorajador ver mulheres inspiradoras assumindo papéis de liderança no agronegócio e valorizar suas conquistas. O aumento das mulheres no setor é um indicativo de um agronegócio mais diversificado e cheio de potencial – observa Fabio Meira, vice-presidente de Vendas Diretas da Stellantis do Brasil.