Dá para imaginar a rotina da cozinha brasileira sem arroz? Quase impossível, né? Ele está na a lá minuta, no carreteiro, no risoto, na galinhada, no bolinho de arroz, no arroz doce, no nosso tão amado arroz e feijão e em uma infinidade de outros preparos que fazem parte do dia a dia da nossa alimentação.
Nosso Estado é o maior produtor de arroz do país. Na safra de 2023/2024, o Rio Grande do Sul produziu mais de 7,19 milhões de toneladas. A região Central, que foi muito atingida pela tragédia climática de maio deste ano, tem 12% da área do Estado, porém concentra 47% dos produtores orizícolas do RS. Com isso, mais de 312 propriedades produtivas foram afetadas, somando mais de 40 mil hectares impactados. Entre essas propriedades, 70% têm uma área menor do que 104 hectares, ou seja, são arrozeiros de pequeno porte. Ainda assim, a perda foi de mais de 80 milhões de reais por parte deles. Por isso, a recuperação de solos para retomar a produtividade e garantir as próximas safras é um dos focos das ações da agricultura para o Plano Rio Grande, iniciativa do Governo do Rio Grande do Sul para a reconstrução do Estado.
Esses são dados apresentados pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA) durante o Campo em Debate, evento na Casa RBS, na Expointer, que discutiu o arroz gaúcho na rota da reconstrução do Estado. Participaram do painel, apresentado pela colunista de Zero Hora Gisele Loeblein, o secretário da Agricultura do RS, Clair Kuhn; o professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS, Fernando Meirelles; o conselheiro do Irga, Fernando Rechsteiner; a diretora técnica do Irga, Flávia Tomita; o secretário adjunto do Meio Ambiente do RS, Marcelo Camardelli; o presidente do Irga, Rodrigo Warlet Machado; além de representantes da cadeia produtiva orizícola.
PATRIMÔNIO GAÚCHO
Durante o painel, os representantes falaram sobre a dificuldade enfrentada nos últimos meses, mas, também, sobre o futuro do plantio e nos passos para a reconstrução dessas terras. O secretário da agricultura reafirmou a importância da produção no Estado.
— O maior patrimônio de um agricultor é o solo. Então, o maior patrimônio de todos nós, gaúchos, é o solo, porque, se chega comida na grande Porto Alegre é porque um produtor jogou uma semente no solo e fertilizou ela — afirma Clair Kuhn.
A busca agora é para que pesquisadores e entidades encontrem o melhor caminho para a reconstrução.
— É muito bom ouvir que vocês também entendem que nosso clima é extremo, temos estiagens violentas e chuvas violentas. Mas não estamos aqui para discutir quem fez ou quem não fez lá atrás. Como a gente olha para frente? E olhar para frente agora é pensar muito fora da caixinha mesmo. É pensar em soluções que tenham uma condição de aumentar a resiliência da agricultura porque senão o cenário será cada vez pior — enfatiza o professor Meirelles.
Por isso, o Irga reforça o seu papel na pesquisa e na extensão com os próprios agricultores.
— Estamos trabalhando para orientar quem sofreu grande impacto com a enchente. Além de aporte de recursos, os produtores também precisarão de orientação técnica, a qual o Irga tem conhecimento, capacidade e capilaridade para contribuir muito — relata Rodrigo Warlet Machado.
Ao fim, os participantes e a plateia puderam provar porque o cereal é essencial na culinária gaúcha: a equipe de gastronomia do Irga preparou um arroz carreteiro delicioso, que deixou a casa perfumada.