A recomendação para ficar em casa para evitar a transmissão do coronavírus impactou, e muito, no e-commerce brasileiro. Para se ter uma ideia, desde o começo da pandemia o país ganhou mais de 150 mil lojas virtuais e mais de 7 milhões de consumidores que nunca tinham comprado nessa modalidade. Otimista, a Associação Brasileira do Comércio Eletrônico (ABComm) divulgou uma estimativa para a Black Friday, feita em parceria com o Neotrust/Compre&Confie. Conforme o levantamento, há expectativa de crescer 77% em relação ao ano anterior, atingindo R$ 6,9 bilhões em vendas. A Black Friday ocorre nesta sexta-feira (27).
Os dados, define Samuel Gonsales, diretor do e-commerce Brasil, portal de entrega de conteúdo para o setor, são estarrecedores. Segundo ele, foi percebida uma mudança nas compras efetuadas no período.
— As pessoas não compravam na categoria de supermercado e passaram a comprar. Não compravam moeda estrangeira e começaram a comprar. Não é nem o perfil que mudou, mas é que temos novos segmentos impulsionando — diz.
Com isso, os intervalos entre as compras também diminuíram.
— Pessoas que compravam roupas online faziam isso quatro vezes ao ano. As mais "empolgadas", seis. Agora, supermercado você precisa fazer uma vez por semana — completa Gonsales.
Para a Black Friday, o diretor aposta em uma mudança muito grande no comportamento dos consumidores, que não devem mais passar a noite do lado de fora das grandes lojas esperando a abertura cedo da manhã — em Porto Alegre isso não deve ocorrer, respeitando os horários estabelecidos para o comércio durante a pandemia. Para Gonsales, os compradores já assimilaram a comodidade e a conveniência de comprar pela internet. Além disso, as compras online permitem, por meio do uso de determinadas ferramentas, a comparação de preços.
— A expectativa é ter o melhor ano de todos os tempos para o e-commerce, com um incremento de 20% em relação a 2019. Talvez, não se veja tanto aquelas ofertas de 70% ou 80%. Mas, seguindo a linha dos Estados Unidos, o frete pode virar uma característica do desconto — estima o diretor.
Menos problemas, cuidados redobrados
Do lado dos lojistas, Gonsales destaca que, nesta edição do dia de promoções, os problemas técnicos devem ser menores. Isso porque as lojas tiveram que se adaptar a esse tipo de venda durante a pandemia e, hoje, estão muito mais preparadas para absorver a demanda.
A atenção na hora de efetuar as compras, no entanto, ganha destaque. Lucas Vieira, gerente de produtos da Soluti, empresa de certificação digital, lembra que é preciso ir além dos cuidados anteriores à pandemia. Deve-se manter a atenção em alguns pontos, como, por exemplo, verificar se o site possui o cadeado de Certificado Digital SSL, que criptografa todas as informações inseridas pelo consumidor.
Outra dica é não entrar em promoções que venham por meio de redes sociais ou e-mails. Vieira indica que, nesses casos, se entre direto no site que enviou a oferta para verificar sua veracidade.
— É muito comum nesta época a ocorrência de ataques "fishing", que são aquelas mensagens falsas que te mandam para um site muito parecido com o verdadeiro. Então, o consumidor fornece seus dados e a pessoa que atacou acaba os pegando — justifica o gerente da Soluti, acrescentando que a manutenção de antivírus nos computadores é fundamental para garantir a segurança na hora de comprar.
Diante do “novo normal” imposto pela pandemia, outros detalhes de segurança devem ficar no radar dos consumidores, alerta Vieira. Evite usar redes públicas ou compartilhadas, como de hotéis, para efetuar as compras, por exemplo. A dica é usar os dados do celular para esses momentos. Com o teletrabalho, outro ponto importante é não utilizar computadores da empresa para realizar compras.
— A rede doméstica não tem infraestrutura de segurança e podem ocorrer ataques que criptografam o HD do computador, impossibilitando o resgate das informações — destaca Vieira.